segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Levir Culpi - um técnico honesto, vitorioso e bem-humorado



Levir Culpi - um técnico honesto, vitorioso e bem-humorado

            Acompanho, no Facebook, o Grupo Fechado "GALO". Pode-se imaginar um bando de apaixonados pelo Galo. E a paixão cega, cega totalmente. Assim tem gente que fala pelos cotovelos, outros com a alma e até com o coração. Bobagens e verdades são ditas. Mais bobagens, é claro. Palpites lógicos e sem lógica nenhuma. Afinal, o futebol é uma caixinha de surpresas. Novidade!
            Agora, de uns tempos pra cá, a bola da vez é falar mal do Levir Culpi. Injustiça a um técnico honesto, vitorioso e bem-humorado.
            Só para lembrar, Cuca, o técnico que o antecedeu foi o Campeão da Libertadores. Com todos os méritos. Acontece que a equipe tinha o Ronaldinho Gaúcho (quando ele ainda estava jogando futebol), o ídolo da massa Tardelli, Bernard (o garoto com alegria nas pernas), Guilherme (quando era jogador de futebol), Jô (no tempo em que marcava gols). E tinha Réver e Pierre, além do zagueiro Leonardo Silva com 1 ano a menos, quando conseguia, apesar das dificuldades, acompanhar uma corrida contra os atacantes adversários.

            Pois bem, o Levir pegou o time do GALO com todos estes desfalques acima. E mesmo assim, em um ano, foi campeão da Copa Brasil, Recopa e Campeonatos Mineiro.
E faz uma boa campanha no Campeonato Brasileiro. Devemos chegar em segundo lugar. E lembrem-se,   perdeu o Maicosuel  durante a temporada. Tem mais.
            O Corinthians mereceu o título pelo que fez no segundo turno, mas no primeiro turno teve ajuda da arbitragem, enquanto o Galo foi prejudicado.
Vejamos.
            Na 17ª rodada, o juiz deixou de marcar um pênalti a favor do São Paulo contra o Corinthians. Uma manchete do lateral Uendel.
            Na 18ª rodada, um juiz paulista, apitando uma partida de um clube paulista, marcou um pênalti, duvidoso, a favor do Corinthians contra o Sport.
            Na 19ª rodada, no jogo do GALO contra o Chapecoense, o juiz expulsou o zagueiro Leonardo Silva, no primeiro tempo, num lance que era apenas para cartão amarelo. No final da partida validou um gol irregular do Apodi que  utilizou a mão, para ultrapassar o fraco zagueiro Pedro Botelho do Galo.
            Estes argumentos sobre a arbitragem podem dizer que é desculpa de perdedor. Ocorre que a somatória destes pontos a mais para o Corinthians e a menos para o GALO colocaram o time paulista na liderança do campeonato e com mérito, não a deixou escapar, fazendo jus ao título.
            Gostam de dizer que o Levir é vice. Esquecem que ele  já foi campeão da Copa Brasil, Recopa, Campeonatos Mineiro, Paulista, Catarinenese, Paranaense e duas vezes campeão da Série B. E quem ajudou a empurrar o GALO na série B? O Senhor Tite, atual campeão brasileiro.
            Ser vice-campeão só não é melhor do que ser campeão. E é claro que todos nós queremos ser campeões, mas de 20 times disputam o campeonato, somente um consegue esta proeza, anualmente.
            Veja o retrospecto do GALO desde o rebaixamento em 2005 quando ficou em 20º, com 47 pontos, atrás de times como o Goiás, Atlético Paranaense, Paraná, Fortaleza, Juventude, Figueirense, São Caetano, Ponte Preta, Curitiba, sem a mesma tradição que o GALO.
            Nos últimos campeonatos Brasileiros, o GALO ficou em lugar em 2014; em 2013; lugar (com 72 pontos) em 2012; 15º em 2011 (com 45 pontos - lutando para não cair); 13º lugar em 2010; lugar em 2009; 12º em 2008; lugar em 2007.
Em 2006 o GALO disputava a Série B
            Nas passagens do Levir Culpi pelo GALO ele foi campeão Mineiro em 1995, 2007 e 2015; Campeão Brasileiro da Série B em 2006 e conquistou as inéditas Recopa em 2014 e a Copa Brasil de 2014 em cima da raposa. Só por esta façanha mereceria uma estátua na cidade do GALO.
            É um treinador que vive o dia-a-dia do clube, treina o time durante a semana, convive bem com os atletas, deve conhecer os problemas pessoais, íntimos, econômicos dos jogadores. Convive, às vezes, com pagamento atrasado dos salários. Tem a auxiliá-lo tem uma boa comissão técnica para ajudá-lo em suas decisões.
            Pode acontecer de fazer uma substituição durante uma partida e ela não render o que era esperado. Jogador de futebol é humano, não é uma máquina e depois treino é treino e jogo é jogo, dizia o grande futebolista Didi.
            O Levir pode também errar numa escalação, ou armar  um sistema tático para determinado jogo e não funcionar. Ele também é humano, portanto não é infalível. Acho até que em certas circunstâncias ele é obrigado a colocar o Cárdenas, para ficar na vitrine e ver se aparece alguém querendo contratá-lo. Jogador é patrimônio do clube e gerentes responsáveis têm que zelar pelo patrimônio que administram.
            Levir Culpi jogou, como atleta profissional, durante 15 anos e é técnico de futebol desde 1986. Pode-se dizer que é um vitorioso no meio futebolístico. E você que foi um perna-de-pau, um bola murcha, apenas frequenta uma arquibancada quer saber mais de futebol que o Levir? Falar mal, denegrir o Levir.
            É preciso respeitar o profissional, o ser humano. Pode-se até trocar de treinador. O Muricy é um bom nome. Um baita treinador, tem currículo, tem histórias, títulos, mas isto não é suficiente para sermos campeões todo ano. Muricy não foi. Nem Guardiola com o Barcelona o foi. Ninguém é eternamente campeão. E se fosse perderia a graça.
(escrito por Ildefonso Dé Vieira em 23/11/2015)

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

JK: A imaginação no poder - Entrevista com Cláudio Bojunga


JK: A imaginação no poder - Entrevista com Cláudio Bojunga

Ao descrever a personalidade de Juscelino, o jornalista carioca Cláudio Bojunga, autor da biografia de Juscelino JK: o artista do impossível (São Paulo: Objetiva, 2001), afirma nesta entrevista que "ele era muito informal, tinha uma maneira muito espontânea de tratar os outros, não fazia pose". E conta como ficou impressionado com a morte de Juscelino: "Tudo o que houve em torno do caixão dele foi a primeira campanha das diretas. Ele mobilizou o Brasil depois de morto". 
Cláudio Bojunga formou-se em Direito e estudou Política Internacional no Instituto de Estudos Políticos de Paris. Jornalista desde 1969, trabalhou como repórter, redator, crítico e correspondente internacional. Foi editor especial da Veja, diretor de jornalismo da TVE e editorialista do Jornal do Brasil. Escreveu o texto do filme Os anos JK, de Silvio Tendler, e realizou documentários e séries para a TV. Também é autor dos livros Viagem à China aberta. São Paulo: Brasiliense, 1974 e Viagem ao Brasil desconhecido. São Paulo: Alfa-Omega, 1978, em parceria com Fernando Portela. A entrevista a seguir foi concedida por telefone à redação da IHU On-Line. 
IHU On-Line - O senhor levou uma década para escrever JK: o artista do impossível. O que mais marcou nesse período? Quais foram os pontos da biografia de Juscelino Kubitschek que mais o impressionaram? 
Cláudio Bojunga - As coisas que mais me impressionaram na biografia dele foram a vocação e o temperamento democráticos. Tivemos, ao mesmo tempo, um presidente que conseguiu unir três coisas que nunca mais andaram juntas. A primeira é uma presidência marcada por um extraordinário desenvolvimento econômico por meio do Plano de Metas, que mudou o Brasil de patamar. Acredito que isso consolidou o Brasil como um país industrial, coisa que ele não era na época do café. Uma segunda característica é a de que ele foi um presidente absolutamente respeitador da regra de ouro da democracia, que é o Estado de Direito. Ele nunca infringiu essa regra. Esses dois aspectos já andaram juntos algumas vezes. Entretanto, aconteceu também uma terceira face, que nunca mais se repetiu: a idade de ouro da cultura brasileira, ou seja, aquele período foi marcado por uma explosão de criatividade nas artes plásticas, na poesia, na música popular e na arquitetura. Aqui me refiro a Oscar Niemeyer em Brasília, na Bossa Nova, com João Gilberto e Tom Jobim, e até no futebol, com Garrincha e Pelé jogando juntos. Todas essas proezas que aconteceram na segunda metade da década de 1950, foram muito inspiradas por essa idéia de que o Brasil podia dar certo. Foi uma época marcada pela imaginação. Talvez por isso que se chame "anos dourados". 
Amizade e parceria com os artistas
O que considero impressionante no personagem central do meu livro, o Juscelino Kubitschek, é que ele sempre foi parceiro dos artistas, muito mais do que dos economistas e dos sociólogos, como é a regra normalmente. Ele tinha, inclusive, como principal conselheiro na presidência um poeta, o Augusto Frederico Schmidt . Sempre foi rodeado de escritores e arquitetos. Tinha algo de renascentista nisso, que foi o que eu procurei apreender. Eu brinco chamando esse de o único momento de exceção no País. O governo de exceção, no nosso caso, foi o grande governo do século XX. 
IHU On-Line - O sociólogo Francisco de Oliveira observou que, "surpreendentemente", uma das principais referências da esquerda brasileira hoje é Juscelino Kubitschek", numa óbvia referência ao governo Lula . O que o senhor acha dessa afirmação? 
Cláudio Bojunga - Isso é muito inteligente da parte dele. O Juscelino era um político de Minas, de Diamantina, uma cidade que é impossível ser mais e colonial. Ele fez parte do PSD, que era o partido por excelência conservador, um dos grandes partidos que o Vargas criou, que juntava todas as oligarquias estaduais, tinha uma em cada estado. No entanto, Juscelino foi um homem que, em certo sentido, traiu esse conservadorismo, porque, na verdade, da colonial e barroca Diamantina ele criou a modernista Brasília, sinalizando esse salto para o futuro. O que a esquerda realmente renovadora quer é retomar isso, essa imaginação e essa crença no Brasil. Juscelino acreditava no Brasil. Quando os americanos, que estavam tentando, num determinado ritmo, fazer o Lago Paranoá, disseram que ele não ia ficar pronto para a inauguração de Brasília, Juscelino dispensou-os e chamou empresários brasileiros que disseram que fariam. E fizeram. Essa ousadia é o que está faltando. Disso o Brasil gosta muito, dessas coisas que trazem segurança, certeza e esse compromisso com o futuro. Juscelino dizia que não havia abismos que engolissem o Brasil. Quando o Lula concorreu com o Fernando Henrique, ele disse, assim como todos os candidatos disseram, que o presidente devia seguir o modelo de Juscelino. Existe ainda hoje a procura de um dinamismo, um certo sonho e um certo compromisso com a inovação. Quando Francisco de Oliveira disse isso, ele estava sabendo o contexto em que as coisas se deram. Juscelino foi um presidente que assumiu com todas as dificuldades, com tentativa de golpe, contragolpe, duas rebeliões na Aeronáutica... O Lula assumiu com um Brasil estabilizado. É outra coisa. Juscelino teve que encantar o País, quase que hipnotizar um país marcado, traumatizado pelo suicídio do Getúlio, aquela coisa terrível. Era um Brasil muito difícil. 
Juscelino e a reforma agrária 
É uma bobagem enorme quando criticam Juscelino por não ter feito reforma agrária. Existem certas coisas, em certos momentos, que estão fora do horizonte do possível. É a mesma coisa que pedir ao presidente Franklin Roosevelt , que foi um grande presidente dos Estados Unidos, que ele desse partida na campanha dos direitos civis nos anos 1930, com a depressão. Não era possível. Tanto é que esse problema só foi se colocar nos anos 1960. É evidente que certas coisas o Juscelino não podia fazer, mas o que ele fez bastou para que a sua se tornasse uma presidência paradigmática. 
IHU On-Line - E por que o senhor acha que a reforma agrária não era viável na época? 
Cláudio Bojunga - Não havia a menor possibilidade. Uma das bases de sustentação do governo, que era o PSD, era do poder agrário. Foi preciso, antes, um modelo industrial predominar para que o equilíbrio de forças internas desse condições para uma aliança entre povo, classe média, classe trabalhadora e campesinato. Mas era preciso também se apoiar em políticos da elite, que não tinham mais compromisso com o mundo agrário. Aquilo naquela época não havia, era o Brasil do café ainda. Era o Brasil que Portinari pintou. Não é impossível, mas em geral não há voluntarismo que prevaleça. É como aquela frase do Marx : "a gente só cria problemas que está apto a resolver". 

IHU On-Line - O senhor afirma que o livro pretende refutar as infâmias e reparar injustiças contra Juscelino Kubitschek. Que injustiças foram essas?
Cláudio Bojunga - São três fundamentais, inventadas tanto pela direita quanto pela esquerda. Uma é a de que ele foi corrupto. Eu provo no livro que ele não foi. Eu estudei todos os processos que os militares fizeram para ele. Isso é uma infâmia e ele foi brilhantemente defendido pelo doutor Sobral Pinto , que não tem a reputação de ser desonesto. A segunda infâmia é a de que ele é a gênese da inflação brasileira. Isso é conversa fiada. Aquela inflação que chegou a 30% ao ano, no auge da construção de Brasília, não tem nada a ver com a inflação do Sarney, de 25% ao mês. O Brasil já tinha sido estabilizado. E a terceira infâmia, essa mais burra ainda, é a de que ele teria feito o jogo do imperialismo ao trazer as montadoras para o Brasil. Todos os economistas sérios já mostraram que substituir o empréstimo pelo investimento de risco do capital estrangeiro é muito mais negócio. É o credor que controla o devedor. Enquanto no capital de risco, que é o que aconteceu em São Paulo, sobretudo, quem controla o risco é quem investe. Hoje os estados leiloam para ver quem vai ficar com a fábrica e ninguém acha isso errado. Houve essa burrice de achar que fazer isso era ser entreguista, como se dizia na época, uma bobagem monumental. E tem mais, o Lula, eu brinco que é neto do Juscelino, porque se não fosse o Juscelino ele estaria em Caruaru até hoje. Ele é um produto sindical de uma economia moderna que foi fundada por Juscelino. 

IHU On-Line - O senhor acredita que é possível estabelecer algum parâmetro de comparação entre JK, FHC e Lula? 
Cláudio Bojunga - Não, não, não. Eu soube de algo lá em Brasília, não posso citar o nome, mas foi um embaixador que me contou, que, às vezes, conversava com Fernando Henrique. FHC dizia que, certamente, tinha feito um governo para o bem do Brasil, procurando o interesse nacional, mas ele gostaria mesmo era de ter deixado uma marca como Juscelino deixou. Fernando Henrique foi um estabilizador, ele botou o Brasil no spa, em uma espécie de regime de emagrecimento, que, às vezes, faz bem para a saúde, mas é uma desconstrução. Na verdade, faltou essa dimensão da ousadia e da imaginação. E quanto ao Lula idem. O mundo de hoje nada mais tem a ver com aquele mundo dos anos 1950. Por exemplo, o planejamento estava na moda, tudo saía da idéia do New Deal (O New Deal foram políticas adotadas pelo presidente Franklin Roosevelt para os Estados Unidos saírem da Grande Depressão, a partir de 1933. O New Deal consagrava certa intervenção do Estado nos domínios econômico e social), o que hoje foi deixado de lado em nome do ajuste. Então, são épocas diferentes. O século XX termina em algum lugar entre a queda do muro de Berlim e a dissolução da União Soviética. Fernando Henrique e Lula são presidentes já do século XXI e não mais do século XX. 
IHU On-Line - Juscelino levantou a auto-estima do brasileiro. Que características de sua personalidade pautam essa afirmação?
Cláudio Bojunga - Foram duas coisas: a personalidade dele, o profundo amor e a confiança que ele tinha pelo Brasil e, ao mesmo tempo, todas essas medidas promovidas pelo Plano de Metas, que mudaram o Brasil de patamar. O Brasil, no final do governo dele, tinha já a certeza de que seria um país industrializado e não mais uma fazenda de café.

sábado, 19 de setembro de 2015

Como cuidar de um Bonsai

Como cuidar de um Bonsai
Local adequado
ü      Assim, você precisa escolher um local onde o sol incide diretamente no bonsai, de preferência o sol da manhã ou final da tarde, com no mínimo de duas a três horas de exposição.
ü      Procure evitar o sol do meio dia quando a intensidade dos raios é bem maior.
ü      Evite locais fechados com ar-condicionado.
ü      Já os bonsai de espécies como juníperos e pinheiros devem receber no mínimo 5 horas de sol por dia e NÃO podem ser cultivados em ambientes internos.
Rega
ü      A falta da água é a principal causa da perda do bonsai, em alguns casos o excesso também pode levar ao apodrecimento das raízes e consequentemente a perda da planta.
ü      O certo é verificar diariamente o grau de umidade do solo, colocando o dedo sobre a terra para sentir a umidade.
ü      A rega deve ser feita molhando a planta simulando uma chuva sobre ela. A água vai passar pelas folhas e galhos chegando ao substrato. Devemos regar até que a água escorra pelos furos de drenagem do vaso.
ü      Borrife a copa do bonsai para gerar umidade nas folhas, auxiliando na limpeza da planta.
ü      Caso o bonsai fique sem água por um período grande, a terra do vaso vai endurecer. Para reparar isto, molhe a planta por imersão colocando o vaso dentro de uma bacia grande com água até que toda a terra fique submersa. Aguarde 15 minutos. Depois deixe escorrer e volte a regar normalmente.
ü      Atenção que quando o tempo estiver seco, quente ou ventoso, a evaporação é muito mais rápida.
Adubação
ü      Como toda planta, o bonsai também necessita de adubação para repor os nutrientes, principalmente por conta da quantidade reduzida de substrato.
ü      A adubação deve ser feita utilizando somente adubos recomendados para bonsai e nas dosagens indicadas pelo fabricante.
ü      De forma geral, faça a adubação da primavera até o final do outono. Não adube o bonsai nas regiões com inverno de baixas temperaturas, nesta período as plantas estão em dormência.
ü      Cuidado: O excesso de adubo é extremamente prejudicial e pode levar a perda do bonsai.
ü      Plantas debilitadas não devem ser adubadas. Plantas recém-transplantadas devem aguardar 30 dias para que receba adubo.
Poda de galhos
ü      Seu bonsai vai brotar e crescer e muitos galhos vão alongar fazendo seu bonsai perder um pouco a forma de árvore.
ü      Neste momento será necessário fazer podas para que sua planta mantenha o formato original e sua harmonia.
ü      Faça a poda dos galhos que crescem fora do formato original da copa, utilizando uma tesoura afiada. Esta poda pode ser efetuada em qualquer época do ano.
Poda de raiz
ü      Com o passar do tempo, as raízes do bonsai vão acabar por "tomar" o substrato em função da dimensões reduzidas do vaso.
ü      Para que o bonsai continui vigoroso, é preciso fazer uma poda de parte das raízes e troca do substrato.
ü      Conforme a espécie, é recomendado fazer a poda a cada dois anos. Plantas jovens podem ser transplantadas a cada ano e as mais velhas velhas em maior tempo.


FONTE DE INFORMAÇÃO NO LINK:


quarta-feira, 9 de setembro de 2015

O ABECEDÁRIO DE GILLES DELEUZE



O   ABECEDÁRIO   DE    GILLES    DELEUZE


 O Abecedário de Gilles Deleuze é uma série de entrevistas, feita por Claire Parnet, foi filmada nos anos 1988-1989.

Como diz Deleuze, em sua primeira intervenção, o acordo era de que o filme só seria apresentado após sua morte.

O filme acabou sendo apresentado, entretanto, com o assentimento de Deleuze, entre novembro de 1994 e maio de 1995, no canal (franco-alemão) de TV Arte.

Deleuze morreu em 4 de novembro de 1995.

A primeira intervenção de Claire Parnet foi feita na ocasião da apresentação (1994-1995), enquanto a primeira intervenção de Deleuze é da época da filmagem (1988-1989).
 


Abecedário Deleuze - Letra G (Gauche – Esquerda)


Abecedário Deleuze - P de Professor (Parte 1)


Abecedário Deleuze - Letra A (Animal)


Abecedário Deleuze - Letra B (Beber)


Abecedário Deleuze - Letra C (Cultura)


Abecedário Deleuze - Letra D  (Desejo)



Claire Parnet: Então, vou perguntar de outra forma. Entre seu civismo de homem de esquerda e seu devir-revolucionário, como você faz? O que é ser de esquerda para você?


Gilles Deleuze: Vou lhe dizer. Acho que não existe governo de esquerda. Não se espantem com isso. O governo francês, que deveria ser de esquerda, não é um governo de esquerda.

Não é que não existam diferenças nos governos. O que pode existir é um governo favorável a algumas exigências da esquerda. Mas não existe governo de esquerda, pois a esquerda não tem nada a ver com governo. Se me pedissem para definir o que é ser de esquerda ou definir a esquerda, eu o faria de duas formas.

Primeiro, é uma questão de percepção. A questão de percepção é a seguinte: o que é não ser de esquerda?

Não ser de esquerda é como um endereço postal.

Parte-se primeiro de si próprio, depois vem a rua em que se está, depois a cidade, o país, os outros países e, assim, cada vez mais longe. Começa-se por si mesmo e, na medida em que se é privilegiado, em que se vive em um país rico, costuma-se pensar em como fazer para que esta situação perdure. Sabe-se que há perigos, que isso não vai durar e que é muita loucura.

Como fazer para que isso dure? As pessoas pensam: "Os chineses estão longe, mas como fazer para que a Europa dure ainda mais?" E ser de esquerda é o contrário. É perceber... Dizem que os japoneses percebem assim. Não vêem como nós. Percebem de outra forma. Primeiro, eles percebem o contorno. Começam pelo mundo, depois, o continente... europeu, por exemplo... depois a França, até chegarmos à Rue de Bizerte e a mim. É um fenômeno de percepção. Primeiro, percebe-se o horizonte.


Claire Parnet: Mas os japoneses não são um povo de esquerda...

Gilles Deleuze: Mas isso não importa. Estão à esquerda em seu endereço postal. Estão à esquerda. Primeiro, vê-se o horizonte e sabe-se que não pode durar, não é possível que milhares de pessoas morram de fome. Isso não pode mais durar.

Não é possível esta injustiça absoluta. Não em nome da moral, mas em nome da própria percepção. Ser de esquerda é começar pela ponta. Começar pela ponta e considerar que estes problemas devem ser resolvidos.

Não é simplesmente achar que a natalidade deve ser reduzida, pois é uma maneira de preservar os privilégios europeus.

Deve-se encontrar os arranjos, os agenciamentos mundiais que farão com que o Terceiro Mundo... Ser de esquerda é saber que os problemas do Terceiro Mundo estão mais próximos de nós do que os de nosso bairro. É de fato uma questão de percepção. Não tem nada a ver com a boa alma. Para mim, ser de esquerda é isso. E, segundo, ser de esquerda é ser, ou melhor, é devir-minoria, pois é sempre uma questão de devir.

Não parar de devir-minoritário. A esquerda nunca é maioria enquanto esquerda por uma razão muito simples: a maioria é algo que supõe - até quando se vota, não se trata apenas da maior quantidade que vota em favor de determinada coisa - a existência de um padrão. No Ocidente, o padrão de qualquer maioria é: homem, adulto, macho, cidadão. Ezra Pound e Joyce disseram coisas assim. O padrão é esse. Portanto, irá obter a maioria aquele que, em determinado momento, realizar este padrão. Ou seja, a imagem sensata do homem adulto, macho, cidadão. Mas posso dizer que a maioria nunca é ninguém. É um padrão vazio.

Só que muitas pessoas se reconhecem neste padrão vazio. Mas, em si, o padrão é vazio. O homem macho, etc. As mulheres vão contar e intervir nesta maioria ou em minorias secundárias a partir de seu grupo relacionado a este padrão. Mas, ao lado disso, o que há? Há todos os devires que são minoria. As mulheres não adquiriram o ser mulher por natureza.

Elas têm um devir-mulher. Se elas têm um devir mulher, os homens também o têm. Falamos do devir-animal. As crianças também têm um devir-criança. Não são crianças por natureza. Todos os devires são minoritários.


Claire Parnet: Só os homens não têm devir homem.

Gilles Deleuze: Não, pois é um padrão majoritário. É vazio. O homem macho, adulto não tem devir. Pode devir mulher e vira minoria. A esquerda é o conjunto dos processos de devir minoritário. Eu afirmo: a maioria é ninguém e a minoria é todo mundo. Ser de esquerda é isso: saber que a minoria é todo mundo e que é aí que acontece o fenômeno do devir. É por isso que todos os pensadores tiveram dúvidas em relação à democracia, dúvidas sobre o que chamamos de eleições. Mas são coisas bem conhecidas.
 

sábado, 29 de agosto de 2015

Mujica é tudo que o Lula, Zé Dirceu, Dilma e PT não são.

Mujica

000mujicaPor Rogerio Dultra dos Santos
Anti-imperialista, anti-proibicionista, anti-capitalista, violador sistemático de protocolos e portador de um desdém profundo pela lógica do consumo, José Alberto Mujica Cordano, ou Pepe Mujica, Ex-Presidente uruguaio, veio hoje ao Rio de Janeiro para “mitar”.
Cercado por uma multidão de jovens ávidos pelo contato com o homem que liberou o consumo da maconha – mas não somente por isto –, foi recebido aos gritos de “Fora Cunha!”, “Não vai ter Golpe!” e “Não acabou! Vai acabar! Pelo fim da Polícia Militar!”.
O público não desapontou. O velho militante também não.
Mujica é uma metralhadora de frases potentes, slogans que falam de independência, liberdade, igualdade, fraternidade, revolução e civilização. É visto como uma espécie de poeta, rock star. Gente da política já chegou a compará-lo com Jesus. Ele exerce, no dizer de um admirador, uma liderança quase espiritual.
De suas ideias, destaco aleatoriamente duas: “Não nascestes somente para estudar, mas para viver. Portanto, tens que ter tempo para o amor!”; “O capitalismo impõe uma cultura que fomenta os seus interesses, o hiper-consumismo. Ele nos faz crer que a felicidade está no consumo. Se sua vida se transforma em pagar contas e trabalhar horas e horas, chegará ao fim dela como um objeto de mercado e terão comprado toda a sua liberdade!”
Mujica une amor, liberdade e política com uma facilidade e com uma verdade difíceis de encontrar em um líder contemporâneo. Assim como várias figuras da esquerda latino-americana e brasileira, é um sobrevivente da ditadura. Diferentemente de muitas delas, teve condição de preservar a sua própria história da sanha destruidora das mídias desde sempre hegemônicas.
Assim, pode-se pensar que Mujica é um espécime único, embora haja indício de que muitos como ele foram silenciados, seja pelas armas, seja por outros meios mais sutis, porém tão ou mais eficazes.
De todas as simbologias que o envolvem, a mais potente é a da reafirmação da política e das lutas dos trabalhadores latino-americanos por mais democracia. Vaticina: “A democracia não é perfeita, porque nós não somos perfeitos. Temos que defender a democracia para melhorá-la e não para sepultá-la.”
Mujica encarna a possibilidade da política suplantar a apatia, o medo, a indiferença. Ao ser visto como um tão jovem quanto todos os que o aplaudiram e tietaram demoradamente, ele reforça e reacende o compromisso que parte importante da juventude militante tem com o país e com seu povo.
Um antídoto perfeito para o projeto reacionário que, de tempos em tempos, insiste em permanecer entre nós.