12 - SERTÃO PROIBIDO
Uma das manias nacional é o futebol, em Guidoval também. Uma das
páginas de glória de nossa história é o aguerrido Cruzeiro Futebol Clube. O
ápice foi conquistar o campeonato da Liga Atlética Ubaense em 1990/1991, mas a
história futebolística do município começou muito tempo antes.
Em 1922, uns rapazes que construíam a estrada de terra, à
picareta, de Guidoval a Ubá criaram um time que levou o nome do fundador; “Antônio
Joaquim Carneiro Futebol Clube”. Belarmino Campos jogou neste time. Mais tarde,
fundou-se o Sapeense. O campo localizava-se no Largo, hoje a Praça Santo Antônio.
Depois o campo passou para a Rua do Alto, onde é hoje a Praça do
Rosário, devida a uma Igreja do Rosário, que nunca chegou a ser totalmente
construída. Como nesse local existia um grande cruzeiro e de tanto se falar que
iam jogar lá no cruzeiro, o nome pegou e o time passou a se chamar Cruzeiro,
nascido extra-oficialmente em 23/06/1943. Os fundadores foram Geraldo Luiz
Pinheiro, Walace Azevedo Costa, Severino Occhi, José Alves de Freitas, Odilon
dos Reis, Antônio Euzébio Pereira, Astolfo Mendes de Carvalho e outros. Em
30/03/1952 registrou-se o Estatuto, tendo como presidente o fazendeiro Antônio
Ribeiro Meireles, bisavô do promissor craque Hugo que é filho do Emiliano que
faz um excelente trabalho nas categorias de base do Cruzeiro.
O maior goleador do Cruzeiro foi o Tuninho Estulano. Para se ter
uma idéia, contou-me o Mundico, o Cruzeiro foi lanterna de um campeonato com 18
clubes e mesmo assim o Tuninho alcançou a artilharia da competição. Ele guarda
a medalha desta façanha.
Além do fantástico título de 1990, o Cruzeiro foi campeão em
1952 com os aspirantes na Liga Atlética Riobranquense e vice-campeão com a equipe
principal no Torneio Regional. Conta-se que o juiz prejudicou o nosso clube na
final contra o Aymorés de Ubá, que teve confirmado um gol irregular. Na
linguagem popular: FOMOS ROUBADOS. Como consolo ganhamos o troféu da TAÇA
DISCIPLINA por não ter nenhum jogador expulso durante o campeonato.
Quando pedimos uma seleção do Cruzeiro,
de todos os tempos, são sempre lembrados: Zé Alan, Domício, Saninho, Zé do
Juca, Paulo Pereira, Áureo Ribeiral, Moacir Gonçalves, Zequinha do Casin,
Elier, Lilico, Vítor, Zé do Gil, Oséas, Saint'Clair, Landinho Estulano,
Silvestre, Brás do Zé Firmino, Gonzaga do Duzin, Cândido do Zico Didu, Jorginho
Cariá, Tuninho Estulano, Etiene, Luiz Tavares, Adão do Juca.
O melhor juvenil, em minha opinião, jogava com Vianelo, Luiz
Pinheiro, Zé Maria Matos, Célio Teixeira Albino, Zé Américo, Dilermando
Ribeiral, Zé da Conceição, Lucas de Freitas Vieira, Oscar Matos, Luiz Antônio
Ribeiral, Cidinho Vieira, Chiquinho Matos e Eloir Máximo.
Em 31/12/1992 o Prefeito José Pinto de Aguiar, o Zequinha do
Casin, termina o mandato iniciado por Zizinho do Marcílio.
Zequinha que tanto lutou para governar a prefeitura, acabou conseguindo
por meios que NÃO desejava e tampouco imaginara. Com retidão, seriedade e
controle das finanças públicas, honrou o mandato conquistado junto com Zizinho.
Num mandato pequeno, pouco mais de dois anos, realizou
importantes obras para o município. Recordo-me do calçamento e repavimentação
asfáltica de diversas ruas, Ampliação do Cemitério Municipal, construção de
casas populares para famílias de baixa renda, extensão de redes de esgoto e
elétrica, construção de pontes, bueiros e Escolas Rurais, Instalação de
Iluminação em Luz
Mercúrio na Praça Santo Antônio, Amplificador para a Torre de
Repetidora TV, além de vários outros melhoramentos.
Na parte cultural fez aquisição de acervos bibliotecários,
palanque para festividades culturais, incentivo aos compositores e cantores da
terra, desfile dos alunos das Escolas Rurais no Dia 7 de Setembro, com uniformes
Novos, adquiridos pela Prefeitura Municipal.
No dia 01/01/1993 o Prefeito Élio Lopes dos Santos inicia o seu
governo. Eleito com 2.563 votos impingiu a maior derrota eleitoral ao grande
líder político Sebastião Cruz. Os adversários do Élio até hoje não sabem de
onde ele tirou tantos votos. Élio é atualmente, de novo, o prefeito da cidade.
Vamos dar tempo ao tempo para falar das suas administrações.
No mês de setembro de 1993 chega para dirigir a Paróquia de
Santana o nobre Frei Adriano. No dia 25 morre o grande líder político Francisco
Moacir da Silva. Uma verdadeira multidão seguiu o enterro do chefe político do
antigo Partido Republicano. Guidoval estava ficando cada dia mais pobre de
verdadeiros líderes.
Em janeiro de 1996 morre Sebastião Cruz. Guidoval estava ficando
chata para ele. Perdera familiares, companheiros, amigos e adversários. Aos 85
anos de idade parte para nova morada, junto ao Criador. O povão acompanhou o
corpo do guerreiro CABORÉ ao nosso campo santo.
Diz o poeta Marcus Cremonese em “De como eu amo uma cidade”: “Se tem festa, Guidoval é festa. / A
igreja abriga no seu seio / todo esse povo que não se esquece de Deus. /
Enquanto isso a bandinha lá fora / suspira dobrados reluzentes” ou ainda “se a
morte rouba / um de seus filhos, todos choram / a perda do irmão que se foi” ,
poema que sintetiza a nossa alma generosa.
Encerro esta série de artigos lembrando dos versos cantados no
Congado do Benedito Medeiros “Oh! Sinhá
SANTANA! Tua casa cheira! Cravo e Rosa, olê lê! Flor de laranjeira!” e
pedindo a nossa Padroeira para nos proteger hoje e sempre!
(Fim
da terceira parte – publicada no Jornal de Guidoval em 30/03/2006)
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