sexta-feira, 22 de março de 2019

11 - SERTÃO PROIBIDO


11 - SERTÃO PROIBIDO

Na festa de Santana de 1982 teve o lançamento do livro “Saudade Sapeense” contendo crônicas, poemas, contos e poesias de guidovalenses. Ao coquetel oferecido no Salão Paroquial compareceram os escritores e a sociedade em geral. No livreto, à página 52 podemos ler o Hino de Guidoval composto por Plínio Augusto de Meireles e Áureo Antunes Vieira.

Somos uma terra hospitaleira e pródiga em abrigar imigrantes. Os estrangeiros sempre foram bem-vindos. Primeiro chegou Marlière e a sua comitiva, depois dele muitos outros, vindos principalmente de Portugal e da Itália. Vou relembrar algumas famílias: Avidago, Ribeiral, Bressan, Occhi, Candian, Fouraux, Quinelato, Urgal, Pinto, Coelho, Lopes, Souza, Silva e Vieira. 

Alguns viraram comerciantes, industriais, prestadores de serviço, muitos foram para o campo trabalhar a terra, produzir o alimento nosso de cada dia. São na maioria pequenos agricultores, devido a divisão de terra em heranças sucessivas. Hoje o município é praticamente dividido em pequenas glebas, minifúndios para agricultura de subsistência. 

Poucos chegaram a fazendeiros como João Germano, Horácio, Antenor e Afonso Bressan, Astolfo Mendes de Carvalho, Antônio Pacheco Ribeiral, Cristiano Alves, Geraldo Cândido, Alaor Martins, Jacinto Pereira na Serra da Onça, Família Lopes do Córrego do Rosa, Família Aleluia do Ribeirão Preto, Família Coelho da Boa Esperança, Família Amaral da Boa Vista e o saudoso e bem-humorado Tito Dilermando (Félix Magalhães), de quem ouvi divertidas histórias.
Morre o Prefeito Eduardo Nicodemo Occhi no dia 06/05/1983 e o Governador Ozanan Coelho em 30/03/1984. Guidoval começa a se empobrecer politicamente. 

No dia 21/04/1985 morreu Tancredo Neves e o sonho da Nova República. O Saca-Rolha nada noticiou, pois não circulava desde 1980 só voltando a ser impresso 15 anos depois. 

No dia 20/04/1988 um vereador na nossa Câmara Municipal requereu moção de aplauso a Fernando Collor, Governador de Alagoas, por seu combate à corrupção e aos marajás de seu estado. O tempo, senhor da razão, provou que era uma farsa o governante alagoano. 

No último dia de 1988 terminava o terceiro mandato do empreendedor Sebastião Cruz à frente da prefeitura municipal. Todo prefeito eleito representou ou representa a vontade do povo, mesmo que discordemos do resultado eleitoral. De todos os políticos o que mais representou os anseios da população foi Sebastião Cruz. Foi o maior realizador de obras no município. Revolucionou a administração pública em nossa cidade. 

Filho de lavradores, ficou órfão aos 12 anos. Só foi aprender ler e fazer contas aos 15 anos de idade, mesmo assim porque pagou um professor particular para lhe ensinar em período noturno, pois não havia escolas no meio rural. 

Iniciou-se na atividade política em 1945, na campanha de Dr. Ozanan Coelho para Deputado Estadual. Depois se elegeu Vereador duas vezes para a Câmara Municipal, a primeira e segunda legislatura. 

Sofreu a primeira derrota eleitoral sendo candidato a Vice-Prefeito da chapa do Prof. Ernani Rodrigues, quando foi vitorioso o prefeito Otaciano da Costa Barros. 

Em 1958 é eleito Vice-Prefeito de Eduardo Nicodemo Occhi. Em 1962 sofre a segunda derrota política, perdendo a eleição de prefeito para Francisco Moacir da Silva. 

Depois foi prefeito por três mandatos (01/02/67 a 31/01/71, 01/02/73 a 31/01/77 e 01/02/83 a 31/12/88) ficando quatorze anos à frente da prefeitura e ainda conseguiu fazer os sucessores em três mandatos. Chegou a ter tanto prestígio político que os adversários não apresentaram candidato nas eleições municipais de 1972, quando concorreu sozinho à prefeitura. 

Devido ao parco espaço no jornal só citaremos algumas de suas principais obras: Edificou os prédios da Prefeitura Municipal, do Clube Recreativo Álbero Cattete Campos e da Delegacia e Quartel de Polícia; Urbanizou a Praça Santo Antônio e do Rosário; Construiu diversas escolas rurais, 24 casas populares, a Ponte “Deoclécio Cattete”, o Posto de Saúde "Dr. Mario Geraldo Meireles" (Fazenda do Pombal), a Biblioteca "Prof. Ernani Rodrigues" e o Matadouro Municipal; fez calçamento e rede de esgoto das ruas Governador Valadares, Sete de Setembro, Padre Vicente, Antero Furtado de Mendonça, 5 de julho, Cel. Joaquim Martins, Vereador João Cezar de Matos, Astolfo Mendes de Carvalho, Vereador Manoel Reis Moreira, Cesário Alvim, São Sebastião, Otávio Ramos, Praça Major Albino, Praça Sant'Ana, parte da Padre Baião e Avenidas Padre Sinfrônino de Almeida e Antônio Luiz da Silva Cruz; realizou as obras das Escadarias Dilermando Teixeira Magalhães e Amaro Ramos além do Lactário "Natalino Dornelas" 

Os inimigos apelidaram-no de Caboré. De limão fez limonada. Transformou o pseudônimo, que tinha o objetivo de humilhá-lo, em uma logomarca das suas campanhas eleitorais. 

Em 27/02/1990, uma terça-feira de carnaval, desfila pela primeira vez pelas nossas ruas a “Banda de Cá” idealizada pelo Dr. Jorge Sobral Venâncio, com os músicos Luiz e Aloísio Pinheiro, Jader Mendes, Fenderracha, Chicão do Lilico, Jorge, Tavinho e Tilúcio, é claro! Acompanharam a Banda várias pessoas caracterizando fatos em evidência na política, no dia-a-dia ou na TV, como os personagens da novela “Tieta” sendo representados por Mª de Lourdes Ribeiral Vieira (Perpétua), Sueli Vieira (Cinira) e Marcílio Vieira (Zé Esteves). No meio da folia, a folclórica Carminha Alexandre. Participaram da Banda: Elzo, Landinho, Zé Geraldo, Cidinho e as filhas Érica e Elaine, Juscelino, Rafaela da Maria do Zimbin, Ludmila Matos, Patrícia da Marília da Dona Araci, Fernanda do Custódio da Farmácia, Marley e as filhas Monique, Marcela e Marina, Tito, Titita e filha Talita, Tavinho do Jair, Isabela da D. Conceição, Luciano Ferreira, Graça Geraldo e a filha Mariana, Marcelo do João do Parquinho, Conceição Áurea e filho ao colo, Doidinho, Pedro Cid, Maria do Domício, Wilton, Robertinho do Sô Nego, Ildefonso, Ângela, Meire e Zezé Vieira, Thaís, Nathália e Fernanda, netas do Zizinho do Marcílio que da janela de sua casa observou o cortejo passar. Era o seu último carnaval. A terrível doença já minava a sua energia. 

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