11 - SERTÃO PROIBIDO
Na festa de Santana de 1982 teve o lançamento do livro “Saudade
Sapeense” contendo crônicas, poemas, contos e poesias de guidovalenses. Ao
coquetel oferecido no Salão Paroquial compareceram os escritores e a sociedade
em geral. No livreto, à página 52 podemos ler o Hino de Guidoval composto por
Plínio Augusto de Meireles e Áureo Antunes Vieira.
Somos uma terra hospitaleira e pródiga em abrigar imigrantes. Os
estrangeiros sempre foram bem-vindos. Primeiro chegou Marlière e a sua comitiva,
depois dele muitos outros, vindos principalmente de Portugal e da Itália. Vou
relembrar algumas famílias: Avidago, Ribeiral, Bressan, Occhi, Candian,
Fouraux, Quinelato, Urgal, Pinto, Coelho, Lopes, Souza, Silva e Vieira.
Alguns viraram comerciantes, industriais, prestadores de
serviço, muitos foram para o campo trabalhar a terra, produzir o alimento nosso
de cada dia. São na maioria pequenos agricultores, devido a divisão de terra em
heranças sucessivas. Hoje o município é praticamente dividido em pequenas
glebas, minifúndios para agricultura de subsistência.
Poucos chegaram a fazendeiros como João Germano, Horácio,
Antenor e Afonso Bressan, Astolfo Mendes de Carvalho, Antônio Pacheco Ribeiral,
Cristiano Alves, Geraldo Cândido, Alaor Martins, Jacinto Pereira na Serra da
Onça, Família Lopes do Córrego do Rosa, Família Aleluia do Ribeirão Preto,
Família Coelho da Boa Esperança, Família Amaral da Boa Vista e o saudoso e
bem-humorado Tito Dilermando (Félix Magalhães), de quem ouvi divertidas histórias.
Morre o Prefeito Eduardo Nicodemo Occhi no dia 06/05/1983 e o Governador
Ozanan Coelho em 30/03/1984. Guidoval começa a se empobrecer politicamente.
No dia 21/04/1985 morreu Tancredo Neves e o sonho da Nova República.
O Saca-Rolha nada noticiou, pois não circulava desde 1980 só voltando a ser
impresso 15 anos depois.
No dia 20/04/1988 um vereador na nossa Câmara Municipal requereu
moção de aplauso a Fernando Collor, Governador de Alagoas, por seu combate à
corrupção e aos marajás de seu estado. O tempo, senhor da razão, provou que era
uma farsa o governante alagoano.
No último dia de 1988 terminava o terceiro mandato do
empreendedor Sebastião Cruz à frente da prefeitura municipal. Todo prefeito
eleito representou ou representa a vontade do povo, mesmo que discordemos do
resultado eleitoral. De todos os políticos o que mais representou os anseios da
população foi Sebastião Cruz. Foi o maior realizador de obras no município.
Revolucionou a administração pública em nossa cidade.
Filho de lavradores, ficou órfão aos 12 anos. Só foi aprender
ler e fazer contas aos 15 anos de idade, mesmo assim porque pagou um professor
particular para lhe ensinar em período noturno, pois não havia escolas no meio
rural.
Iniciou-se na atividade política em 1945, na campanha de Dr.
Ozanan Coelho para Deputado Estadual. Depois se elegeu Vereador duas vezes para
a Câmara Municipal, a primeira e segunda legislatura.
Sofreu a primeira derrota eleitoral sendo candidato a
Vice-Prefeito da chapa do Prof. Ernani Rodrigues, quando foi vitorioso o
prefeito Otaciano da Costa Barros.
Em 1958 é eleito Vice-Prefeito de Eduardo Nicodemo Occhi. Em
1962 sofre a segunda derrota política, perdendo a eleição de prefeito para
Francisco Moacir da Silva.
Depois foi prefeito por três mandatos (01/02/67 a 31/01/71,
01/02/73 a 31/01/77 e 01/02/83 a 31/12/88) ficando quatorze anos à frente da
prefeitura e ainda conseguiu fazer os sucessores em três mandatos. Chegou a ter
tanto prestígio político que os adversários não apresentaram candidato nas
eleições municipais de 1972, quando concorreu sozinho à prefeitura.
Devido ao parco espaço no jornal só citaremos algumas de suas
principais obras: Edificou os prédios da Prefeitura Municipal, do Clube Recreativo
Álbero Cattete Campos e da Delegacia e Quartel de Polícia; Urbanizou a Praça
Santo Antônio e do Rosário; Construiu diversas escolas rurais, 24 casas
populares, a Ponte “Deoclécio Cattete”, o Posto de Saúde "Dr. Mario
Geraldo Meireles" (Fazenda do Pombal), a Biblioteca "Prof. Ernani
Rodrigues" e o Matadouro Municipal; fez calçamento e rede de esgoto das
ruas Governador Valadares, Sete de Setembro, Padre Vicente, Antero Furtado de
Mendonça, 5 de julho, Cel. Joaquim Martins, Vereador João Cezar de Matos,
Astolfo Mendes de Carvalho, Vereador Manoel Reis Moreira, Cesário Alvim, São
Sebastião, Otávio Ramos, Praça Major Albino, Praça Sant'Ana, parte da Padre
Baião e Avenidas Padre Sinfrônino de Almeida e Antônio Luiz da Silva Cruz;
realizou as obras das Escadarias Dilermando Teixeira Magalhães e Amaro Ramos
além do Lactário "Natalino Dornelas"
Os inimigos apelidaram-no de Caboré. De limão fez limonada.
Transformou o pseudônimo, que tinha o objetivo de humilhá-lo, em uma logomarca
das suas campanhas eleitorais.
Em 27/02/1990, uma terça-feira de carnaval, desfila pela primeira
vez pelas nossas ruas a “Banda de Cá” idealizada pelo Dr. Jorge Sobral Venâncio,
com os músicos Luiz e Aloísio Pinheiro, Jader Mendes, Fenderracha, Chicão do
Lilico, Jorge, Tavinho e Tilúcio, é claro! Acompanharam a Banda várias pessoas
caracterizando fatos em evidência na política, no dia-a-dia ou na TV, como os
personagens da novela “Tieta” sendo representados por Mª de Lourdes Ribeiral
Vieira (Perpétua), Sueli Vieira (Cinira) e Marcílio Vieira (Zé Esteves). No
meio da folia, a folclórica Carminha Alexandre. Participaram da Banda: Elzo,
Landinho, Zé Geraldo, Cidinho e as filhas Érica e Elaine, Juscelino, Rafaela da
Maria do Zimbin, Ludmila Matos, Patrícia da Marília da Dona Araci, Fernanda do
Custódio da Farmácia, Marley e as filhas Monique, Marcela e Marina, Tito,
Titita e filha Talita, Tavinho do Jair, Isabela da D. Conceição, Luciano
Ferreira, Graça Geraldo e a filha Mariana, Marcelo do João do Parquinho,
Conceição Áurea e filho ao colo, Doidinho, Pedro Cid, Maria do Domício, Wilton,
Robertinho do Sô Nego, Ildefonso, Ângela, Meire e Zezé Vieira, Thaís, Nathália
e Fernanda, netas do Zizinho do Marcílio que da janela de sua casa observou o
cortejo passar. Era o seu último carnaval. A terrível doença já minava a sua energia.
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