06 - SERTÃO PROIBIDO
Em 1959, o Padre Oscar cumpre o prometido e constrói a nova
igreja, orgulho de todos nós e não existe guidovalense ausente que não saiba a
inscrição em latim escrita em sua fachada: “Quam Dilecta Tabernacula Tua Domine Virtutum”. O diligente prefeito
Otaciano da Costa Barros constrói o primeiro reservatório de água e distribui o
precioso líquido por toda cidade, melhoramento que deu mais dignidade e saúde
aos guidovalenses.
No final dos anos 50 um forte temporal seguido de uma descomunal
enchente destruiu inteiramente o Circo do Bartolo. A solidariedade, a magnitude
de nosso povo ajudou a erguer novamente o circo. São estas virtudes dos guidovalenses
que cativam os visitantes que aqui aparecem e nunca mais deixam de voltar, isto
quando não decidem morar de vez.
O jornal “A VOZ DE
GUIDOVAL” de 11/06/1961 publica um artigo escrito pela Profª. Carmem
Cattete Reis Dornelas enaltecendo o Prof. Ernani Rodrigues e conclamando os
ex-alunos do “Ginásio Guido Marlière” a retribuírem, de alguma forma, ao
município os ensinamentos recebidos. Era a D. Carmem inventando os “Amigos da
Escola” bem antes da Rede Globo. Esse abnegado periódico foi o idealizador do
“Dia do Guidovalense”, esta festa de confraternização. Estabeleceu ainda o
compromisso moral de que todo prefeito deveria inaugurar pelo menos uma obra
durante os festejos de SANTANA.
Em 25/10/1961 uma laje, em construção, cai em cima do pedreiro Calixto
Braz de Oliveira, matando-o. Foi na mocidade um grande artilheiro do Sapeense.
É o responsável por uma geração de bons jogadores de futebol: os filhos Lilico,
Helinho, Vitor, Calixto e Braz; o neto Agnaldo e o bisneto Carlos Roberto.
Uma multidão escuta nos rádios da Barbearia do Elzo de Barros e
no Consultório Dentário do Dr. Jair a vitória apertada do Brasil sobre a
Espanha por 2X1 no dia 06/06/1962. A seleção dá um passo decisivo para ser
bicampeã mundial. A Rua Conde da Conceição, hoje João Januzzi, é cortada ao
meio por um canal para abrigar rede de água, esgoto e o primeiro calçamento de
paralelepípedo da cidade, obra do inspirado prefeito Eduardo Nicodemo Occhi,
também responsável pela primeira praça urbanizada (Major Albino), a 1ª
Biblioteca Pública, a instituição do Hino de Guidoval composto por Plínio
Augusto Meirelles e Áureo Antunes Vieira, a conclusão do Grupo Escolar Cel.
Joaquim Martins e principalmente por implantar no nosso calendário festivo o
profícuo “Dia do Guidovalense”.
No LARGO, Praça Santo Antônio, armava-se circos, parques de
diversão e touradas como a do Mário Silva que consagrou os toureiros
Testa-de-Ferro e Moreninho, mas principalmente o “Escovado” um pacato boi
carreiro do João Vitório que punha qualquer um para correr até mesmo os nossos
toureadores caseiros como o Miguel da D. Neném, o Chico Dercílio, o Raimundo do
Sô Tão e o Custódio da Dorce do Ivair que morreu vitimado por uma fratura na
coluna no exercício da sua arriscada profissão. Outro boi pegador foi o
Inhapim, segundo me disse o amigo Renatinho do jornal
Saca-Rolha.
Morreu, aos 89 anos, Maria Gregória Alves em 29/01/1964 que
diziam ser descendente de Tiradentes, o mártir da Independência. Era avó do
Mundico filho do Tianin (Cristiano Alves) proprietário da primeira jardineira
que depois pertenceu ao grande comerciante português Elísio Avidago que um dia
mandou o seu motorista Geraldo Carias retornar com o veículo para buscar apenas
o Sr. Marcílio Vieira que ficara esquecido, uma vez que ele não estava à beira
da estrada esperando a condução, pois refugiara-se da chuva na Fazenda do Dico
Peixoto.
Em 23/07/1965 a imagem de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do
Brasil, visita o nosso município, sendo recebida com fé e devoção pelos
católicos. Neste mesmo ano, no Baile da Saudade da Festa de Santana a Jazz
Sapeense faz a sua última apresentação oficial depois de mais de 50 anos
alegrando guidovalenses.
Muitos músicos
brilharam neste conjunto musical. Podemos citar Zé Mineiro, Piloto (pai do
Tilúcio, o maior carnavalesco de toda nossa história) e Sô Nilo que tinha uma
barbearia no Fundão e quase toda noite promovia um show musical ao ar livre,
interrompendo a rua, dando vez e voz ao Jeová, Sô Lau, Josias do Pombal, Zé do
Fio (Barão), José Occhi (Bijica), Bebeto Ramos, Landinho Estulano e Zé do Gil.
Falando de música não há como deixar de recordar da Banda Lira Sapeense,
Corporação Musical Belarmino Campos, Banda Francisco Batista e seus talentosos
maestros como o Moysés Mineiro, José Cordeiro, Belarmino e Álbero Campos, Zé
Negueta (José Alves de Freitas), Sô Tute (Oswaldo José de Barros), Luiz
Pinheiro, Zé Balbino e também os fantásticos instrumentistas como Odilon Reis,
João Queiroz (do Pinho), Zé Afra, Zé Boiota, Zé Manga Rosa, Zé Vieira
(flautista), toda família do Juca Alfaiate (José da Costa Azevedo) e o
bombardino do Zico Sapateiro (José Ferreira Cezar).
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