terça-feira, 19 de março de 2019

08 - SERTÃO PROIBIDO


08 - SERTÃO PROIBIDO

Uma semana depois, 30/03/71, vereadores enaltecem o sétimo aniversário da “redentora” de 64. Em Guidoval, desde a extinção do PSD, UDN, PTB, PR e outros partidos, nossos políticos refugiaram-se na ARENA, legenda governista.
Aos 84 anos, no dia 02/10/1972 morre Elisa Ribeiro, a querida Vó Elisa. Por mais de 60 anos fez partos em Guidoval e nas cidades vizinhas, principalmente em Ubá e Visconde do Rio Branco. Não se sabe ao certo quantos partos foram feitos por ela, mas pode-se dizer que era raro o dia que não ajudava mais uma criança a vir ao mundo.
O íntegro Prefeito Cândido Mendes foi eleito para um mandato-tampão de dois anos que terminou em 30/01/73. Neste curto espaço de tempo executou várias obras com destaque para a urbanização da Praça Getúlio Vargas, o calçamento da Rua Belarmino Campos, a ampliação da rede de esgoto, melhoria no abastecimento d'água e conservação das estradas rurais. Católico praticante, cursilhista atuante, ajudava a Paróquia participando de encenações da Semana Santa quando personificava Pôncio Pilatos. Já no carnaval fantasiava-se em animado folião. Sua paixão por carros e motores consolidou a fama de um dos melhores mecânicos da região. Hábil motorista, excelente caminhoneiro percorreu quase todo o Brasil. Leitor habitual de revistas em quadrinhos, retornava de suas viagens trazendo vários gibis, abastecendo a minha infância com revistas do “Fantasma, Mandrake, Manda-Chuva, Zé Carioca e Cavaleiro Negro”. Aproveito este espaço para dizer da minha eterna gratidão ao fraternal amigo familiar Cândido Mendes.
Na festa de Santana de 1974 recebem o Título de Cidadão Guidovalense Astolfo Francisco dos Reis e Dr. Jorge Sobral Venâncio, o primeiro estudante do “Grupo Escolar Mariana de Paiva” a retornar à nossa terra natal depois de formado para exercer a sua nobre profissão de médico. Na infância, criou o time de futebol “Getúlio Vargas Futebol Clube”. Guardo dessa época amigos para a vida inteira. No primeiro confronto esportivo jogou com o Tarcísio do Rafael Cusati, Fabinho do Zé Estulano, Aurinho e Quinca do Áureo Ribeiral, Roberto e Gilberto do Geraldo Pinheiro, Teixeirinha e Alonso da D. Violeta, Dé do Zizinho do Marcílio, Zé Ratinho (sobrinho do Pujonas) e Nélio do Gil Queiroga.
A idéia, do Dr. Jorge, surgiu num longínquo 15/12/1963 quando o FLAMENGO sagrou-se mais uma vez campeão carioca. Dirão os torcedores de outros clubes: Por que intrometer nessa história o rubro-negro? Fácil! “Uma vez Flamengo, sempre Flamengo” diria a saudosa Nilza Ribeiro, como também toda família de João Matos, Severino Occhi, Artur Lagartixa, Vianelo Silva, Robert e Marcellus C. R. Dornelas.
Para mostrar que o torcedor do MENGO é imparcial e justo, tentarei me redimir lembrando torcedores de outros clubes como o América de Jésus e Cléber Ribeiro; Bangu do Mundico; Cruzeiro belo-horizontino da família Duzin Vieira, Antônio e Gonçalo Matos; GALO de Padinha Occhi, Cláudio do Domício, Zé Júber da Risoleta e Adão Nogueira; Fluminense de Wilson Ribeiro e João Tolentino; Botafogo da família Pinheiro, Márcio Barbosa, Elzo de Barros e Dr. Jair Venâncio; Vasco da Gama da família de Adauto Ribeiral, Geraldo do Bar da Esquina e Oscar Occhi; que tinha um bar, mais conhecido como o “Rei do Bife Acebolado”, onde na década de 70 podia-se ouvir Odilon Reis ao violino e Sô Nilo ao violão acompanhando a bela voz da Carminha do Virgílio ou escutar o Professor Salim recitando “Rapsódia Negra”.
Falando de bife me deu fome ao recordar a delícia da culinária guidovalense. Nunca é demais lembrar do lombo do Wagner do Bar da Esquina, do churrasquinho no espeto do bar do Marquinhos do Recanto dos Amigos, do frango com quiabo do João Vicente, da feijoada do Diógenes, duns torremos no Bar do Ivo, de um pedaço de frango frito do Canico, galinhada do Jorge do Tilúcio, uma picanha no Chiquitin, cascudos do Beira-Rampa, depois Beira-Rio da Graça Campos, o sabor de um cabrito à caçadora da D'Lourdes Ramos, um PF caprichado da Fatinha, dos pastéis da D. Mimi Ramos, empadão de palmito da D. Iolanda Fernandes da Silva, do bolinho de bacalhau da Maria do Mazin, cambuquira da Vovó Jandira, torta de biscoito da D.Tereza do Duzin Vieira ou da macarronada da D. Tita, minha mãe. Isto sem falar da taioba, angu, jiló e abobrinha. De aperitivo, uma pinga comprada fiado no Felismino. Para beber, uma cerveja gelada do Bar do Fiim Kiel ou um abacatinho do Bar do Tarcísio. A sobremesa pode ser caçarola da Padaria do Edson, canudo da Alice Nogueira, picolé de amendoim da Irene Avidago Occhi, doce-de-leite mole de Geni Reis Barbosa, goiabada ou caramelos da D. Lourdes Magalhães Ribeiral, mangada da saudosa D. Olga Ribeiral Bressan, compotas da D. Ida do Dr. Mário Meireles, brigadeirão da Maria do Celso Sampaio, cajuzinho de D. Luziinha Rossi ou da Auxiliadora Matos, brevidades da Mariana Bandeira, bombons da Aparecida do Beijamin, pés-de-moleque da Tia Feinha mãe do Mundico. Para despedida ou conversa ligeira, um licor da D. Efigênia Maciel Reis ou um leite-de-onça feito pela saudosa Terezinha Ribeiro do Paulo Ramos ou então um café de rapadura da saudosa Vovó Maria José Alves acompanhado dos biscoitos fritos da Vicentina Marcelo Magalhães.
Algum leitor, recordando-se da avó, tia, namorada, mãe ou esposa, poderá dizer que deixei de mencionar várias mulheres que são quituteiras especiais. E eu direi que concordo. A sintética lista foi uma forma que encontrei de homenagear a todas maravilhosas mulheres guidovalenses.

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