08 - SERTÃO PROIBIDO
Uma semana depois, 30/03/71, vereadores enaltecem o sétimo aniversário
da “redentora” de 64. Em Guidoval, desde a extinção do PSD, UDN, PTB, PR e
outros partidos, nossos políticos refugiaram-se na ARENA, legenda governista.
Aos 84 anos, no dia 02/10/1972 morre Elisa Ribeiro, a querida Vó
Elisa. Por mais de 60 anos fez partos em Guidoval e nas cidades vizinhas,
principalmente em Ubá e Visconde do Rio Branco. Não se sabe ao certo quantos
partos foram feitos por ela, mas pode-se dizer que era raro o dia que não
ajudava mais uma criança a vir ao mundo.
O íntegro
Prefeito Cândido Mendes foi eleito para um mandato-tampão de dois anos que
terminou em 30/01/73. Neste curto espaço de tempo executou várias obras com
destaque para a urbanização da Praça Getúlio Vargas, o calçamento da Rua
Belarmino Campos, a ampliação da rede de esgoto, melhoria no abastecimento
d'água e conservação das estradas rurais. Católico praticante, cursilhista
atuante, ajudava a Paróquia participando de encenações da Semana Santa quando
personificava Pôncio Pilatos. Já no carnaval fantasiava-se em animado folião.
Sua paixão por carros e motores consolidou a fama de um dos melhores mecânicos
da região. Hábil motorista, excelente caminhoneiro percorreu quase todo o
Brasil. Leitor habitual de revistas em quadrinhos, retornava de suas viagens
trazendo vários gibis, abastecendo a minha infância com revistas do “Fantasma,
Mandrake, Manda-Chuva, Zé Carioca e Cavaleiro Negro”. Aproveito este espaço
para dizer da minha eterna gratidão ao fraternal amigo familiar Cândido Mendes.
Na festa de Santana de 1974 recebem o Título de Cidadão
Guidovalense Astolfo Francisco dos Reis e Dr. Jorge Sobral Venâncio, o primeiro
estudante do “Grupo Escolar Mariana de Paiva” a retornar à nossa terra natal
depois de formado para exercer a sua nobre profissão de médico. Na infância,
criou o time de futebol “Getúlio Vargas Futebol Clube”. Guardo dessa época
amigos para a vida inteira. No primeiro confronto esportivo jogou com o
Tarcísio do Rafael Cusati, Fabinho do Zé Estulano, Aurinho e Quinca do Áureo
Ribeiral, Roberto e Gilberto do Geraldo Pinheiro, Teixeirinha e Alonso da D.
Violeta, Dé do Zizinho do Marcílio, Zé Ratinho (sobrinho do Pujonas) e Nélio do
Gil Queiroga.
A idéia, do Dr. Jorge, surgiu num longínquo 15/12/1963 quando o
FLAMENGO sagrou-se mais uma vez campeão carioca. Dirão os torcedores de outros
clubes: Por que intrometer nessa história o rubro-negro? Fácil! “Uma vez
Flamengo, sempre Flamengo” diria a saudosa Nilza Ribeiro, como também toda
família de João Matos, Severino Occhi, Artur Lagartixa, Vianelo Silva, Robert e
Marcellus C. R. Dornelas.
Para mostrar que o torcedor do MENGO é imparcial e justo,
tentarei me redimir lembrando torcedores de outros clubes como o América de Jésus
e Cléber Ribeiro; Bangu do Mundico; Cruzeiro belo-horizontino da família Duzin
Vieira, Antônio e Gonçalo Matos; GALO de Padinha Occhi, Cláudio do Domício, Zé
Júber da Risoleta e Adão Nogueira; Fluminense de Wilson Ribeiro e João
Tolentino; Botafogo da família Pinheiro, Márcio Barbosa, Elzo de Barros e Dr.
Jair Venâncio; Vasco da Gama da família de Adauto Ribeiral, Geraldo do Bar da
Esquina e Oscar Occhi; que tinha um bar, mais conhecido como o “Rei do Bife
Acebolado”, onde na década de 70 podia-se ouvir Odilon Reis ao violino e Sô
Nilo ao violão acompanhando a bela voz da Carminha do Virgílio ou escutar o
Professor Salim recitando “Rapsódia Negra”.
Falando de bife me deu fome ao recordar a delícia da culinária
guidovalense. Nunca é demais lembrar do lombo do Wagner do Bar da Esquina, do
churrasquinho no espeto do bar do Marquinhos do Recanto dos Amigos, do frango
com quiabo do João Vicente, da feijoada do Diógenes, duns torremos no Bar do
Ivo, de um pedaço de frango frito do Canico, galinhada do Jorge do Tilúcio, uma
picanha no Chiquitin, cascudos do Beira-Rampa, depois Beira-Rio da Graça
Campos, o sabor de um cabrito à caçadora da D'Lourdes Ramos, um PF caprichado
da Fatinha, dos pastéis da D. Mimi Ramos, empadão de palmito da D. Iolanda
Fernandes da Silva, do bolinho de bacalhau da Maria do Mazin, cambuquira da
Vovó Jandira, torta de biscoito da D.Tereza do Duzin Vieira ou da macarronada
da D. Tita, minha mãe. Isto sem falar da taioba, angu, jiló e abobrinha. De
aperitivo, uma pinga comprada fiado no Felismino. Para beber, uma cerveja
gelada do Bar do Fiim Kiel ou um abacatinho do Bar do Tarcísio. A sobremesa
pode ser caçarola da Padaria do Edson, canudo da Alice Nogueira, picolé de
amendoim da Irene Avidago Occhi, doce-de-leite mole de Geni Reis Barbosa,
goiabada ou caramelos da D. Lourdes Magalhães Ribeiral, mangada da saudosa D.
Olga Ribeiral Bressan, compotas da D. Ida do Dr. Mário Meireles, brigadeirão da
Maria do Celso Sampaio, cajuzinho de D. Luziinha Rossi ou da Auxiliadora Matos,
brevidades da Mariana Bandeira, bombons da Aparecida do Beijamin,
pés-de-moleque da Tia Feinha mãe do Mundico. Para despedida ou conversa
ligeira, um licor da D. Efigênia Maciel Reis ou um leite-de-onça feito pela
saudosa Terezinha Ribeiro do Paulo Ramos ou então um café de rapadura da
saudosa Vovó Maria José Alves acompanhado dos biscoitos fritos da Vicentina
Marcelo Magalhães.
Algum leitor, recordando-se da avó, tia, namorada, mãe ou
esposa, poderá dizer que deixei de mencionar várias mulheres que são
quituteiras especiais. E eu direi que concordo. A sintética lista foi uma forma
que encontrei de homenagear a todas maravilhosas mulheres guidovalenses.
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