sábado, 16 de março de 2019

04 - SERTÃO PROIBIDO


04 - SERTÃO PROIBIDO



A tão sonhada emancipação política de Guidoval aconteceu em 27 de dezembro de 1948. Frutificou a luta dos emancipacionistas. Guidoval não seria mais um distrito abandonado da prefeitura de Ubá. Um bairro de periferia aonde político só aparece em época de eleição em busca de votos. Poucas vezes se viu tanta alegria nas ruas descalças de nosso povoado. Não faltaram foguetes, bebidas e danças. Mesmo com tanta euforia teve comerciante que colocou luto achando que deixaria de vender querosene, pois logo chegaria a energia elétrica. Acertou quanto ao progresso, mas isto em nada prejudicou o seu bem-sucedido comércio.

Também não gostaram nem um pouco dessa alforria conquistada os partidários do Partido Republicano (PR) de Ubá. Guidoval era um reduto de eleitores desse partido que perdia sempre as eleições na sede da comarca e nos distritos de Tocantins, Divinésia e Rodeiro; em compensação quando chegavam os votos de Guidoval tirava-se a diferença e o PR ganhava as eleições. Houve até bate-boca, destampatório na instalação do município ocorrida a 1º de janeiro de 1949.

Até que se realizassem eleições e posse dos futuros governantes do município, assumiu como Intendente o Sr. José Vilela em 10/01/1949.

Ao som da Orquestra Jazz Sapeense, no carnaval de 1949 os foliões cantavam “Chiquita Bacana” de João de Barro e a música “Que samba bom”, canção passada para a partitura pelo músico Odilon Reis após ouvir os solfejos do boiadeiro Zizinho do Marcílio que recolhia canções em evidência no Rio de Janeiro em suas constantes viagens levando boiadas à capital federal. O samba era de autoria do genial Geraldo Pereira um juizforano radicado no Rio e amigo de farra do Vicente do Dario do Chico do Padre, dois companheiros de comitiva de Zizinho. O pai, Dario, foi o professor de cavalgadas. O filho, Vicente, um aprendiz de longas jornadas.

Em plena quaresma realizaram-se eleições especiais a 06/03/1949 para escolher o primeiro prefeito e a primeira câmara. Foram eleitos Cid Vieira (prefeito) e Dilermando Teixeira Magalhães (vice-prefeito), empossados em 27/03/1949.

Num tempo em que vereadores não eram remunerados, o povo escolheu para compor a primeira Câmara: Sebastião Cruz, Antônio José Barbosa Neto, Dionísio Vitorino Maciel, Teófilo Braz de Mendonça Filho, Antônio Vieira de Queiroz, Celso Reis Moreira, Geraldo Gonçalves dos Santos, Geraldo Dornelas Oliveira e Dr. Mário Geraldo Meireles escolhido como Presidente desta primeira legislatura. Padre Messias Passos além de abençoar os mandatos foi o orador oficial da solenidade.


A autonomia administrativa iluminou novos horizontes ao município com urgência de realizações. Construir escolas, instalar postos de saúde, canalizar água, implantar saneamento básico, urbanizar ruas, praças e avenidas, criar um código de postura, elaborar um plano diretor, abrir e conservar estradas vicinais. Nada que intimidasse a vontade dos novos governantes mesmo com tanto a fazer e pouco dinheiro para realizar.

É eleito para Juiz de Paz, em 03/10/1950, Dionísio Vitorino Maciel cargo antes já ocupado por Deoclécio Lopes Cattete, Custódio Lopes Moreira e depois por Dr. Jair Dutra Venâncio, dentre outros.

Em 27/01/1951 o prefeito Cid Vieira pede licença para tratar de sua saúde e negócios particulares. Assume a prefeitura Dilermando Teixeira Magalhães. Com dinamismo dá início à sua gestão. Prenúncio de dias de progresso vislumbra no horizonte do novo município. Mesmo diante a hostilidade de alguns moradores manda desobstruir, rebaixar e nivelar o cruzamento das ruas João Januzzi e Sete de Setembro (Esquina). Faz contrato com a Secretaria de Agricultura para perfuração de poços artesianos. Constrói a Ponte sobre o "Córrego da Laje" na Rua Belarmino Campos e a “Ponte da Cachoeira”. Inicia a canalização de água na cidade, instala escolas rurais.

Em sete de setembro de 1951, Dilermando oferece uma fotografia a Juscelino Kubitschek, Governador de Minas Gerais, como “lembrança das crianças guidovalenses na comemoração do Dia da Pátria”. É uma gentileza para lembrar e marcar a sua passagem pelo município.


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