terça-feira, 19 de março de 2019

09 - SERTÃO PROIBIDO


09 - SERTÃO PROIBIDO


No dia 06/09/1976 o digníssimo e saudoso Dr. Edgard Reis de Andrade completava 50 anos de idade. Foi um dos guidovalenses mais ilustres de nossa história. Ocupou os mais altos cargos da Secretaria de Segurança Pública de Minas Gerais. Cultivou os amigos de infância e quando retornava a Guidoval fazia questão de visitar a todos, sempre com um sorriso e abraço carinhoso. Também angariou novos amigos pelas cidades em que trabalhou, as quais lhe retribuíam a benemerência com Título de Cidadão, é o caso de Leopoldina e Juiz de Fora. Casou-se com Therezinha Queiroz Andrade e tiveram quatro filhos: Mª de Lourdes, Margareth, Fernando e Edson, este um grande violonista, professor da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais. Apresenta-se sempre como Spalla convidado da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais. Tem um filho, Edson Scheib, também virtuose no violino, que gravou o CD “24 Caprichos de Paganini” e atualmente aprimora seus conhecimentos musicais na Áustria, terra de Mozart. Estes talentosos músicos são neto e bisneto de João Vieira de Queiroz, considerado o melhor violonista da história do Sapé e para quem Sô Nilo fez o choro “Queiroz do Pinho”. 

Descendente dos doadores do terreno para a criação da Paróquia de SANTANA, Luciano Ferreira da Costa teve a feliz iniciativa de criar o Festival de Batidas, evento que depois, por vários anos, enriqueceu o calendário festivo de Guidoval. Contou com ajuda de vários conterrâneos, com destaque especial para Sueli Vieira Gomes e Luiz Fernando Teixeira Albino. O Primeiro Festival realizou-se, com pleno êxito em 31/10/1976.
Nas eleições municipais de 15/11/1976 apresentaram-se quatro candidatos a prefeito, todos de prenome José, porém mais conhecidos pelos apelidos de Teixeirão, Didi, Zequinha e Zizinho que venceu a eleição com 1801 votos, a maior votação já conseguida, à época, por um político em Guidoval. 

Falando de ZÉS, eu que sou um filho de José e Maria, lembro de alguns conterrâneos conhecidos por ZÉ: do Brejo, Manga Rosa, Boióta, Afra, Bento, Timóteo, Negueta, Balbino, Fendederracha, Vieira, Bonifácio, Firmino, Pequeno, Braga, Dilermando, Cusati, Albino e também algumas MARIAS: do Pombal, Lepoldo, Benzedeira, Triste, Caboclo, Tatanita, Sabiá, Pereira.

Em abril de 1.977 surgiu o jornal SACA-ROLHA. O que parecia ser apenas uma brincadeira, dos jovens Antônio Augusto Rossi (Brito), Márcio Dias, Edgar Avidago Andrade e Luiz Oliveira, tornou-se um sério (sem ser senil) porta-voz dos anseios dos munícipes de nossa querida terra natal.

Nestes quase 29 anos de existência honraram as suas páginas colaboradores ilustres como o Padre Casemiro, os médicos Wilton Franco, Jorge Sobral Venâncio e Ronaldo Ribeiro dos Santos, os professores Ibsen Francisco de Sales e Antônio Barbosa, os poetas Zé Geraldo, João Coelho, Zé Francisco Barbosa e Marcus Cremonese, além do talentoso e jovem cientista Rodrigo Oliveira.

Ao longo de frutífera existência, o SACA-ROLHA brigou pelo asfalto ligando Guidoval a Ubá. Condenou o gesto desumano de "marmanjos e marmanjas" agredindo a um indigente com problemas mentais, o Berto de Paula. Constatou o mau cheiro nas ruas centrais da cidade. Estimulou o crescimento do SER 66. Criticou a inércia da AREG. Desfilou no jubileu da então Escola Estadual Guido Marlière. Elogiou personalidades como a D. Maria Leopoldo, o Maestro Sô Tute, Dr. Mário Meireles, Urcecino (sacristão), Renato Ramos, José Bressan, Mirandolino Pinheiro. Enfrentou sem medo a cara fechada de algum vereador descontente com as notícias veiculadas no jornal. Incentivou o Festival de Batidas. Lutou pela instalação do Colégio de 2º Grau. Noticiou o lançamento da Luz Negra devido a deficiência de iluminação nas ruas. Participou da 1ª Mini Olimpíada Guidovalense. Promoveu Concurso de Contos. Reclamou dos bois de um delegado "pastando na pracinha". Reivindicou o escritório da EMATER.

O SACA-ROLHA foi, é e será sempre assim. Veste LUTO com as famílias quando da perda de um ente querido. Consta do seu obituário, entre outros, o Sô Marcílio Vieira, Waldemar Rufino (Sô Nego), D. Margarida Geraldo, D. Alzira de Freitas Vieira, Sô Augusto Pinto, Sô Juquinha de Barros e até fez uma Edição Especial para Gracinha do Geraldo Franco, o Kôde. Publica os nossos poetas. Aplaude e divulga nossos músicos e escritores. Acompanha os movimentos esportivos, principalmente o futebol. Canta parabéns aos aniversariantes. Denuncia sistematicamente a poluição do Rio Chopotó e abre espaço permanente para o MEG (Movimento Ecológico Guidovalense).

Muito do que antes era apenas uma pregação cívica do SACA-ROLHA, hoje é uma realidade. Outras demandas, por enquanto inglórias, continuam em pauta permanente. Parte da história de um povo é registrada em jornais. O SACA-ROLHA, mesmo com todas as dificuldades, tem cumprido esta missão. Os nossos parabéns ao Diretor e Redator Renato Moreira da Silva.

Morre Gumercindo Alves Rodrigues, o Sô Gomes, em 27/06/1977. Residia à Rua Padre Baião, perto da mina d'água do Pedro Ribeiral. Munido de martelo, torquês, puxavante, ferradura e cravos, tinha por ofício “ferrar eqüinos e muares”. Às vezes acontecia do martelo fugir do cravo e acertar-lhe o dedo, motivo mais que natural para recitar sonoros palavrões, imediatamente aprendido pela criançada da Rua do Campo. 

Outro notável “ferrador de cavalos” é o cavaleiro Zé Bento que exerce esta profissão em extinção, assim como vão sumindo os alfaiates, ferreiros, celeiros, mascates e sapateiros. O progresso colaborou para essa extinção. Sumiram de nossas ruas as mulas do Sô Marcílio, Tatão de Freitas e Luiz Marinho, o cavalo “Quebra-Coco” do Zé Bressan, o alazão marchador do Odilon Marcelo, a égua fora-do-prumo do Nicélio, a charrete do Quizin Pinto, o peão Casanova, o domador de cavalos Manuel Barbosa da Serra da Onça e o adestrador Custódio Gato.

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