JORGE
AMADO
Um manifestante
ergue um cartaz em Moscou: "Operários
de todo o mundo, perdoai-nos".
Diante da TV, o ex-comunista Jorge Amado vê um mundo desabar.
Jorge Amado faria cem anos neste agosto de 2012. Reviro meus
arquivos (não tão) implacáveis, em busca de uma entrevista que fiz com ele no
momento em que o socialismo virava pó. O ex-comunista Jorge Amado via com
espanto o desfile de imagens surpreendentes pela TV, como manifestantes
dançando sobre as ruínas do Muro de Berlim ou o queda do ditadores como o
romeno Nicolae Ceausesco, personagem de uma cena patética: reuniu a multidão
para aplaudi-lo, mas foi silenciado por vaias. Amado se declarava atordoado com
a "rapidez imensa" dos fatos exibidos pela TV, o que o levou a
confessar a um amigo, o cineasta Costa Gavras: somente ali, ao testemunhar o
desabamento dos regimes socialistas, ele se deu conta da importância da
televisão. A entrevista:
Socialismo?
"Nunca houve". O que existia era "uma mentira imensa",
"uma falsificação completa". Quem faz afirmações tão contundentes,
como se quisesse fechar um ciclo de desilusões, é o homem que, um dia, num
livro que hoje renega, descreveu assim a figura do ditador Stalin:
"Mestre, guia e pai, o maior cientista do mundo de hoje, o maior
estadista, o maior general, aquilo que de melhor a humanidasde produziu" (
O Mundo de Paz).
Jorge Amado, o maior best-seller da literatura brasileira,
recordista de traduções, ex-deputado do Partido Comunista, anuncia, nesta
entrevista exclusiva, que ainda não se recuperou da perplexidade causada pela
"experiência terrível" : viu cinco imagens de TV destroçarem um mundo
de crenças no chamado "socialismo real". Primeira imagem: o Muro de
Berlim caindo. Segunda: um estudante anônimo enfrentando os tanques na Praça da
Paz Celestial. Terceira: uma estátua de Lênin desabando no leste europeu.
Quarta: a multidão vaiando o ditador romeno Ceausescu. Quinte: um manifestante
soviético empunhando o cartaz "Operário de Todo o Mundo, Perdoai-nos".
Impressionado, passou uma noite discutindo o poder destas imagens com o amigo
Costa Gavras, cienasta de Estado de Sítio e Desaparecido, durante um encontro
em Paris. Ainda espantado com a "rapidez dos fatos", Jorge Amado
repete um ensinamento que extraiu de um aprendizado "sofrido, longo e
cruel: "O coletivo não é o oposto do indivíduo. Sem considerar o indivíduo
como ser humano, não se pode pensar em socialismo".
Do refúgio parisiense, onde se esconde dos jornalistas porque
quer dar forma definitiva ao romance chamado Bóris, o Vermelho, Jorge Amado
manda dizer que "escreve muito mal", é uma "negação como
contista" e,pior, não sabe "contar histórias". Como se não
bastasse, confessa que é um eterno candidato a vagabundo - que só quer ser
lembrado, no futuro, como "um baiano romântico e sensual".
GMN: As mudanças no Leste europeu e na União Soviética de
Gorbatchev- que parecem ter desorientado as esquerdas no mundo inteiro -
abalaram o senhor também ?
Jorge Amado: "Eu me desorientei - e muito - antes, quando
descobri que Stalin não era o pai dos povos, ao contrário do que sempre pensei.
Aquele foi um processo doloroso, difícil, cruel e demorado. A maioria das
causas dos acontecimentos atuais talvez já fossem claras para mim. Mas os
acontecimentos são de uma rapidez imensa. Jantei com Costa Gavras, meu amigo.
Discutimos esta situação: não é só um mundo que acabou. É tudo o que foi a vida
e o objetivo de luta de milhões de pessooas. É gente que lutou com generosidade
e coragem e foi presa e torturada por lutar por uma coisa que - de repente - se
acaba. A pergunta que você pode me fazer agora é a seguinte: é o socialismo que
não presta ou é a falsificação do socialismo ? O que é que acontece nestes
países ? Já não são regimes socialistas nem a Polônia nem a Hungria nem a
Tchecoslováquia nem a Alemanha oriental. Jão estão deixando de ser socialistas
a Bulgária, a Romênia e até a Albânia! Mas não acredito que o socialismo, como
ideia, deixe de ser o que representa como avanço e como um passo adiante. Nunca
houve socialismo, como não houve democracia. Como a implantação dos regimes
socialistas foi baseada naquilo que é fundamentalmente errado - a ditadura de
classe - , houve, então, uma falsificação total e completa !
O mundo era um antes da revolução de outubro, na Rússia. Passou,
depois, a ser outro. Estados ditos socialistas - mas que não eram, na realidade
- podem deixar de existir. Isso não quer dizer,no entanto, que os valores novos
trazidos pela Revolução de outubro - como uma consciência coletiva maior e
fraternal - não persistam. Persistem. O que acontece é que o mundo não será
mesmo igual. Já não é. O capitalismo de hoje também já não é o mesmo de antes.
Não sou sociólogo. Eu via sempre, na televisão, no Brasil, que todo dia
apareciam dois, três cientistas políticos. É cientista político pra burro. É
uma quantidade imensa. São formidáveis. Não sou cientista político -
infelizmente - nem crítico literário. Mas vem à minha casa gente que lutou toda
a vida. De repente, um mundo vem abaixo!
Durante o encontro com Costa Gavras, eu disse que - de repente -
estou me dando conta da importância da televisão. Via na TV as imagens do muro
de Berlim. Vi o homem parando os tanques na China. E as imagens do ditador da
Romênia? Reuniu duzentas mil pessoas para aplaudi-lo, mas, de repente, a
multidão começa a vaiá-lo. A imagem do ditador na tribuna é inesquecível. Outra
imagem :uma imensa estátua de Lênin com uma corda no pescoço. E o pessoal
puxando para derrubá-la. Devo dizer a você que aquilo me picou o coração. É
todo um mundo que vem se acabando - e desabando em cima da cabeça da gente. É
terrível para algumas pessoas - que devem se sentir suicidas, sem ter o que
fazer da vida. Não sou sociólogo, mas sem democracia não se pode construir o
socialismo. O coletivo não é o oposto do indivíduo, como foi nestes países. Sem
considerar o indivíduo como ser humano, você não pode pensar em
socialismo".
GMN: A denúncia do stalinismo provocou um choque aomda maior no
senhor ?
Jorge Amado: "O choque veio já antes da denúncia, porque eu
vinha sabendo das coisas. Mas é evidente que a denúncia de Kruschev trouxe
coisas de q~ue eu não fazia a mínima ideia".
GMN: Mikail Gorbachev é o ídolo de Jorge Amado hoje ?
Jorge Amado: "Meu último ídolo chama-se Stálin. Já não
tenho ídolos - há tempos. Como ídolo, Stalin é o bastante. É
suficiente...Gorbachev é um grande estadista do nosso tempo. Todos nós devemos
a ele um fato importante: o perigo de uma guerra atômica - que iria acabar com
a vida sobre a Terra - diminuiu muito. O que é que Gorbachev faz ? O que ele
faz é expor a verdade. Havia uma mentira imensa que dizia: "O socialismo é
este". De repente, a gente viu que não era. Outra imagem de TV que me
impressionou foi transmitida durante a comemoração do aniversário da Revolução
de outubro. Durante uma manifestação de cento e ciquenta mil pessoas em Moscou,
dois cartazes me marcaram muito. Um dizia: "Setenta anos para chegara a
nada". E outro: "Proletários de todo o mundo, perdoai-nos". São
dois negócios terríveis".
GMN: O senhor diz que o mundo de tantas pessoas que deram a vida
toda a estes ideais desabou diante desses mudanças todas. Seu
mundo desabou, politicamente ?
Jorge Amado: "Eu já vinha dizendo que, sem democracia, não
se pode construir o socialismo. O coletivo não é o oposto do indivíduo, como
foi nestes países. Sem considerar o indivíduo ser humano não se pode pensar em
socialismo. O que vai existir é, sempre, uma falsificação. São coisas que, para
mim, ficaram claras, dentro de um processo sofrido, longo e cruel".
GMN: O livro Os Dentes do Dragão traz o registro do atrito que
houve entre o senhor e Oswald de Andrade, na época em que ambos militavam no
Partido Comunista. Oswald de Andrade escreveu: "Numa reunião do comitê de
escritores, diante de quize pessoas do PC, apelei para que o sr. Jorge Amado se
retirasse de São Paulo e denunciei-o como espião barato do nazismo. Em 1940,
Jorge convidou-se no Rio para almoçar na Brahma com um alemão altamente situado
na embaixada e na agência Transocean, para que esse alemão me oferecesse
escrever um livro em defesa da Alemanha. Recusei e Jorge ficou surpreendido,
pois aceitara várias encomendas desse gênero do mesmo alemão". Houve uma
briga séria?
Jorge Amado: "Houve, realmente, um atrito. Oswald - de quem
eu era amigo - desejava ser candidato a deputado na chapa do Partido Comunista.
Não foi. Não sei porque - talvez porque outras pessoas tivesse feito intriga -
Oswald achou que eu tinha concorrido para que ele não entrasse na chapa. O que
aconteceu, na verdade, foi o contrário. Eu lutei - e muito - para que ele
entrasse na chapa do partido. Não consegui. Oswaldo não entrou. Atribuiu a mim
este fato, o que fez com se afastasse de mim. Depois, voltamos às boas - ele,
infelizmente, já enfermo. Não sei se Oswald pediu a minha exclusão do partido.
Não vale a pena falar sobre este assunto".
GMN: Mas ele pediu a exclusão do senhor do Partido Comunista ?
Jorge Amado: "Isso, se houve, não sei".
GMN :Oswald de Andrade cita também o encontro que teve com o
senhor e com um alemão na embaixada. O senhor se lembra ?
Jorge Amado: "Não".
GMN :Ao se referir ao ato de escrever, o senhor já disse:
"Quanto à escrita propriamente dita, aceito palpite". O senhor aceita
palpite de quem ?
Jorge Amado: "Quem palpita é Zélia ( Gattai ), porque vive
ao meu lado. Sou mau datilógrafo. Só escrevo com dois dedos. Emendo muito.
Hoje, escrevo e reescrevo. Quando jovem, emendava pouco. A gente vai perdendo
aquele elan da juventude e vai ganhando experiência. A escrita, então, passa a
ser sempre difícil. Você escreve e reescreve. Depois, quando parece que o texto
ficou do meu agrado, Zélia bate à máquina uma cópia que ainda vou ler e reler.
É aí que ela dá palpite. A partir de certo momento do livro, dou a ler a meu
irmão James Amado, uma opinião que levo em conta. E ele lê - e palpita".
GMN :Não é uma contradição o mais famoso escritor brasileiro
dizer que escreve "mal" , como o senhor diz?
Jorge Amado: "Para começar, sou contra este tipo de
qualificativo - "o mais", "o maior". É difícil dizer quem é
"o mais", "o maior", "o melhor". Há os que são bons.
Outros são ótimos. Não sou uma pessoa que se considere isso ou aquilo. Não sei
que adjetivo usar, mas sou bastante modesto, humilde e crítico a meu respeito.
Há uma pergunta que - adiante - você já não me fará. É esta: "E o Prêmio
Nobel ? Você não acha que vai ganhar ?". Por que eu haveria de ter ? Nunca
esperei. Desejar é outra coisa. Aspirar é outra coisa. Aliás, nunca aspirei a
prêmio nenhum. Nunca lutei por nenhum prêmio. Nunca fui candidato. Quem deve
ganhar os prêmios é o livro, não o autor. Uma das coisas mais tristes da vida
literária é ver um sujeito cavando um prêmio. É um horror. Quando me dão, fico
satisfeito. Eu me admiro por que é que haveria de ganhar o Prêmio Nobel. É um
prêmio para grandes, grandes escritores. Não me considero como tal".
GMN: O senhor acha que escreve mal de verdade ?
Jorge Amado: "Eu escrevo muito mal".
GMN: Que reparos, então, o senhor faz a seus textos ?
Jorge Amado: "A crítica faz tantos reparos....Não sou um
escritor que trabalha. Um crítico francês chamado Jean Rocha escreveu todo um
livro sobre mim. Disse que escrevo bem. Não ouso fazer tal afirmação. Porque há
os que dizem que não existe quem escreva pior do que eu. Sou um escritor que
nunca teve a unanimidade da crítica. O País do Carnaval foi o meu único livro
unanimemente elogiado. Eu era um menino.... (N: Quando terminou de escrever o
livro, Jorge Amado tinha tinha 18 anos). Desde então, tenho levado pau. Nunca
nenhum outro livro meu, a partir de então, recolheu unanimidade. A crítica
sempre foi polêmica em torno do meu trabalho. Também sou uma negação como
contista. O que aparece como conto meu por aí é sobra de romance, coisas que
não foram adiante ou que não usei".
GMN : Escrever, para o senhor, é uma necessidade física ? Em
algum momento, o senhor já admitiu a possibilidade de deixar de escrever ?
Jorge Amado: "Sempre penso, com grande desejo, em não fazer
nada. Minha tendência é vagabundar, andar, ver pessoas e coisas, ler livros.
Mas sempre o livro se impõe a mim. Já há algum tempo, estou resistindo a ir
para a máquina de escrever, pela terceira vez, para tentar escrever um livro
chamado Bóris, o Vermelho. Em 1984, minha filha morava no Maranhão. Viajei até
lá para, um pouco escondido, tentar escrever Bóris. Acabei começando um livro
chamado Tocaia Grande, concluído dois anos depois. O livro foi escrito em
várias casas no Brasil. Fiquei fugindo de uma para outra- só que me descobriam.
Vim em 1987 para Paris, para tentar escrever Bóris. Mas escrevi O Sumiço da
Santa, porque descobri que nunca tinha feito um livro sobre sincretismo
cultural e religioso, algo que é presente na maioria dos meus romances, mas
nunca como tema central. Não pude escrever Bóris porque a estrutura da
narrativa não estava suficientemente madura na minha cabeça.
Vou ter de explicar a você a mimha forma de trabalhar: quando
tenho a ideia de um livro, trato de amadurecê-la na cabeça, antes de ir para a
máquina - mas não no sentido do que seria a história do livro. Não sei contar
uma história. Minha mulher senta com os netos e conta uma história que eu mesmo
ouço com imenso prazer. Zélia inventa. Já eu sou incapaz. O enredo - ou a
história dos meus livros - decorre dos personagens. Porque os personagens é que
os fazem. Nunca sei, hoje, o que vai acontecer no dia dee amanhã com a
história. Os personagens é que vão construindo a história aos poucos. Um
personagem que coloco ali, por uma necessidade técnica, por um detalhe, de
repente vive e cresce. A história decorre dos personagens. É uma coisa vivida,
em vez de ser inventada. Nunca penso em termos de história. Penso, sim, em
figuras, em ambientes e em como será a arquitetura da narrativa. Busco
encontrar o começo. Porque o começo do livro é que é difícil - exatamente
porque não sei contar uma história. Não tenho a invenção da história. É
difícil. Preciso que os personagens comecem a ficar de pé - e a andar com seus
pés, para que a história também ande. Duas vezes pensei que Bóris estivesse
maduro. Quando fui para a máquina, vi que não era o que queria.
O que quero fazer, no livro, é o perfil de um jovem brasileiro
entre 18 e 20 anos na década de 70. É apenas um jovem. Mas as circunstâncias da
vida política brasileira na época - uma ditadura militar, com tudo o que ela
representava - levam a que ele desempenhe um determinado papel que não sei
exatamente qual é. Isso virá. Não me amedronto, porque, quando escrevo, a
história sempre vem".
GMN: O senhor terminou de escrever o romance de estreia, O País
do Carnaval, há exatamente 60 anos, em 1930. Tempos depois, chamou o livro de
"um caderno de aprendiz". Qual é o principal reparo que o Jorge Amado
de 78 anos faz, hoje, ao Jorge Amado de 18 anos, como romancista ?
Jorge Amado: "O País do Carnaval e Cacau e Suor são
cadernos de um aprendiz de romancista. O principal reparo que faço - sobretudo
a O País do Carnaval - é que é um romance com bastante influência europeia.
Sobre o romance pesa - e muito - uma visão europeia do Brasil. Eu era um menino
influenciado, de um lado, pela leitura de uma literatura europeia, e, de outro,
pelo Modernismo - que, apesar cultivar uma brasilidade e um lado nacionalista
na Antropofagia, também tinha europeia, sobretudo da França e da Itália. As
primeiras obras de Oswald de Andrade, como Os Condenados, são bastante influenciadas
por D`Annunzio. O meu é um livro europeizante - de certa maneira".
GMN: Curiosamente, o personagem principal do livro chega da
Europa e volta para lá...
Jorge Amado: "O personagem passa pelo Brasil. A tradução
francesa de O País do Carnaval só foi feita agora pela Editora Gallimard,
sessenta anos depois da publicação. Nunca permiti a tradução de O País do
Carnaval até há póucos anos. Quando completei setenta e cinco anos, um dos meus
editores italianos fez uma tradução do livro - na verdade, uma edição especial,
quase universitária, com estudos. Era uma homenagem aos setenta e cinco anos,
fora das coleções normais. Não pude impedir a tradução. A partir daí é que a
Gallimard comprou os direitos da tradução em francês. São as duas únicas
línguas em que foi traduzido. Com a tradução francesa, recebi, há poucos dias,
um telefonema de uma editora dos Estados Unidos que quer comprar O País do
Carnaval. Não decidi ainda se aceitarei ou não".
GMN: Por que o senhor - que conheceu grandes figuras da literatura
e da política do mundo inteiro - nunca se animou a escrever uma autobiografia ?
Jorge Amado: "Prefiro escrever romance. Enquanto eu puder
trabalhar numa obra de criação, acho preferível. Quando sentir que já não
posso, quem sabe eu me volte para uma autobiografia. Mas não é algo que me
tente".
GMN: O senhor não dá importância a depoimentos históricos de
escritores ?
Jorge Amado: "Gosto de ler biografias e memórias - com
prazer. Não incluo nos meus projetos, por ora, escrever minha autobiografia.
Mas quem sabe?".
GMN : Nélson Rodrigues disse que, se algum dia alguém fosse
escrever um verbete sobre ele, bastaria redigir uma frase : "Nélson
Rodrigues - também conhecido como flor da obsessão". Se o senhor fosse
escrever um verbete sobre Jorge Amado, quais palavras usaria ? Como é que o
senhor gostaria de ser lembrado daqui a 50 anos numa enciclopédia ?
Jorge Amado : "Um baiano romântico e sensual. Eu me pareço
com meus personagens - às vezes, também com as mulheres".
(Entrevista gravada
em 1990)
Posted by geneton at
agosto 16, 2012 02:37 AM
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