domingo, 26 de julho de 2015

Entrevista do Ministro Gilberto Magalhães Occhi

ENTREVISTA

Ministro pede pacto para resgatar o país 

Gilberto Occhi - Ministro da Integração Nacional Filiado ao PP

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Sou literalmente contra aqueles que entendem que ‘quanto pior, melhor’
PUBLICADO EM 26/07/15 - 03h00
Nesta entrevista exclusiva a , o O TEMPO ministro Gilberto Occhi fala sobre o clima no governo com as crises política e econômica e defende que os adversários deixem as disputas de lado e pensem mais no Brasil.
Que avaliação o senhor faz do cenário político atual, especialmente da relação conturbada entre o Planalto e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha? 

Eu entendo que há uma necessidade e uma emergência de um grande pacto nacional para que o país possa retomar. Politicamente acredito que estamos vivendo uma grande discussão, mas entendo que, para o melhor do Brasil, para o bem maior dessa nação, da sociedade de uma maneira geral, haveria que se colocar as disputas políticas de lado, uma vez que a eleição terminou no ano passado, e haver um esforço coletivo, suprapartidário, para que o Brasil possa voltar a crescer. Sou literalmente contra aqueles que entendem que ‘quanto pior, melhor’. Eu trabalho sempre naquela linha de que é necessário colocar à parte as divergências políticas, que tenhamos um entendimento conjunto da necessidade de que o país precisa rever os seus subsídios, sua taxa de crescimento, porque é melhor assim do que nós patinarmos ou retroagirmos cada vez mais, sendo contrários a ação de um governo só porque somos oposição a esse governo.
A presidente está com seu pior índice de aprovação, como mostram as pesquisas. Como reverter isso? 
Há um questionamento da sociedade de uma maneira geral. Foram muitas as conquistas e ações do governo num período em que o mundo inteiro vivia em crise e crescia negativamente, com um índice de desemprego muito grande. O Brasil passou por todo esse período de uma maneira guerreira, vendo sua população elevar a autoestima. É claro que quando você dá oportunidade a uma população que sai da linha da pobreza, acessa a casa própria, consegue financiar um carro, uma geladeira e um plano de saúde, essas pessoas começam a demandar por outras necessidades, que são os serviços públicos, de transporte, da saúde etc. Foram 35 milhões de pessoas que deixaram a linha da pobreza. A velocidade com que nós temos que dar essa resposta tem que ser compartilhada entre os governos federal, estadual e municipal e os parlamentares. 
Como sair dessa situação? 

Há que se ter uma maior responsabilidade, uma ação global de todos, porque essa situação não é exclusivamente responsabilidade de um governo, da presidente Dilma – que eu entendo, faria tudo novamente. Passamos de 2008 a 2014 por todas as crises mundiais, e agora nós estamos precisando fazer as devidas adequações na economia brasileira. Nós não queremos viver um período de crise com todo mundo saindo da crise. Queremos sair da crise junto com todo mundo. Por isso defendo um pacto global, nacional, para que a gente possa sair o quanto mais rápido desse momento para fazer com que o Brasil volte a crescer. Agora, sabendo que o mundo inteiro vive momentaneamente uma crise ou uma necessidade de sair dessa crise que se alonga desde 2008. Teve o problema da Espanha, teve o problema de Portugal, agora da Grécia. A China reduziu o seu crescimento. Essa situação atinge a todos, e a gente precisa ter uma união e não ter ali uma discussão que vai ser prejudicial ao Brasil. Quanto maior for essa discussão, pior será para o Brasil não agora, mas no futuro. Esse cenário impactaria não esse governo, como os futuros.

O governo federal apresentou na semana passada as suas justificativas ao TCU, que divulgará em agosto se aprova ou rejeita as contas da presidente Dilma. Como está o clima do governo diante da possibilidade de se abrir um processo de impeachment?

Na minha avaliação, a presidente Dilma tem estado tranquila com as suas ações. As respostas às questões levantadas pelo TCU sobre as contas da presidência são muito técnicas e foram apresentadas com a devida humildade. Temos absoluta tranquilidade de que aquilo que foi feito está dentro da legislação, e é o que foi possível fazer. Acredito que é muito mais uma questão de esclarecimento, oportunidade para que a presidente e o corpo técnico dos ministros virem a público fazer os esclarecimentos sobre os apontamentos do TCU. O TCU tem razão em apresentar os questionamentos, e coube ao governo apresentar justificativas de maneira técnica. Poderá haver alguma recomendação do TCU para que alguns procedimentos se alterem, e isso será cumprido pelo governo federal, não tenho dúvidas.

A presidente Dilma tem fama de ser exigente, durona. Como é trabalhar com ela? 

A presidenta tem essa postura de cobrar muito os seus ministros. Eu convivo com ela há mais de um ano e entendo essa cobrança. Eu tenho o maior respeito pela Dilma, é uma pessoa íntegra, não tenho dúvidas em relação a isso. Não trabalharia (governo) se eu não tivesse essa opinião. Sou funcionário de carreira da Caixa Econômica Federal. Estou em vias de me aposentar. Tenho uma posição muito independente no governo. Reconheço na presidente uma pessoa íntegra, séria, que sempre me cobrou respostas técnicas, tanto no ministério das Cidades como na Integração Nacional. Ela conhece muito de vários assuntos, então ela discute. E isso nos exige uma necessidade de conhecimento e pronta-resposta para os seus questionamentos. Tenho trabalhado dessa maneira e não tenho nenhuma crítica ou objeção da maneira com que a presidente nos cobra resultados, procedimentos e postura. Acho que ela está certa. Tenho uma admiração grande e um prazer de trabalhar com uma pessoa com essa energia.

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