DEFINIÇÕES
DE ARTE
No Aurélio:
[Do
lat. arte.]
S. f.
1.
Capacidade que tem o ser humano de pôr em prática uma idéia, valendo-se da
faculdade de dominar a matéria: 2
2.
A utilização de tal capacidade, com vistas a um resultado que pode ser obtido
por meios diferentes: 2 2 2
2 2
3.
Atividade que supõe a criação de sensações ou de estados de espírito de caráter
estético, carregados de vivência pessoal e profunda, podendo suscitar em outrem
o desejo de prolongamento ou renovação: 2
2 2 2
2 2
4.
A capacidade criadora do artista de expressar ou transmitir tais sensações ou
sentimentos: 2
5.
Restr. As artes plásticas: 2 2
2
6.
O conjunto das obras de arte de uma época, de um país, de uma escola: 2 2
2 2
7.
Os preceitos necessários à execução de qualquer arte: 2 2
8.
Livro, tratado ou obra que contém tais preceitos: 2 2
9.
Capacidade natural ou adquirida de pôr em prática os meios necessários para
obter um resultado: 2 2 2
2
10. Dom, habilidade, jeito: 2 2
11. Ofício, profissão (nas artes manuais,
especialmente): 2
12. Artifício, artimanha, engenho: 2
13. Maneira, modo, meio, forma: 2 &
14. Edit. Jorn. Editoria de arte (q. v.).
15. Prop.
V. arte de propaganda.
16. Bras.
Traquinada, travessura. ~V. artes.
Arte abstrata.
1.
Abstracionismo (2).
u Arte
cibernética. Art. Plást.
1.
Qualquer manifestação artística do séc. XX que utiliza as tecnologias modernas,
como informática, xerox, holografia, fax, transmissões via satélite, etc.
u Arte
cinética. Art. Plást.
1.
Forma de arte que rompe com a imobilidade da pintura e da escultura
tradicionais; as obras, em três dimensões, têm partes móveis animadas por motor,
pelo movimento do ar ou por impulsão manual. [Cf. móbile.]
u Arte
conceitual. Art. Plást.
1.
Corrente artística surgida na década de 1960, que privilegia o conceito, a
idéia (por oposição ao objeto em si) e que não se prende especificamente nem à
pintura nem à escultura; o artista recorre a associações que convidam à
reflexão.
u Arte
concreta.
1.
Concretismo (2).
u Arte
culinária.
1.
Arte de preparar alimentos segundo normas gastronômicas ou dietéticas.
u Arte da
gramática. E. Ling. Ant.
1.
Na educação latina medieval, uma das disciplinas humanísticas que compunham o
trívio (2).
2.
P. ext. A descrição gramatical de uma
língua.
u Arte de
propaganda. Prop.
1.
Conjunto de atividades relacionadas com a apresentação gráfico-visual de
anúncios.
2.
Especialização dos artistas (leiautistas, ilustradores, fotógrafos) que
trabalham na preparação de um anúncio. [Sin.: arte publicitária. Tb. se diz
apenas arte.]
u Arte de
vanguarda.
1.
A que apresenta características inovadoras na forma e no conteúdo, opondo-se
geralmente aos padrões aceitos pelo consenso geral.
u Arte do
livro.
1.
Parte das artes gráficas que, compreendendo a judiciosa escolha de papéis e
tintas, a tipografia, a ilustração e a encadernação, tem por fim a harmoniosa
integração, no livro, de sua dupla função de objeto de estudo e de objeto de
arte.
u Arte do
marinheiro. Marinh.
1.
Arte de fazer costuras em cabos e lonas, de dar nós e voltas em cabos, e de
executar outros trabalhos artesanais próprios do marinheiro de convés.
u Arte
dramática.
1.
V. teatro: &
u Arte
informal. Art. Plást.
1.
Designação comum às tendências abstratas que se manifestaram depois da II Guerra
Mundial, cujas características são a espontaneidade, o uso expressivo da
matéria pictórica e de materiais heterogêneos, o equilíbrio da composição. [Cf.
abstracionismo (2).]
u Arte
mágica.
1.
Magia, feitiçaria.
2.
V. prestidigitação.
u Arte
marcial.
1.
Repertório mais ou menos sistematizado de técnicas, movimentos e exercícios
corporais para defesa e ataque, com emprego de armas ou sem ele.[A maioria das
técnicas assim denominadas é de origem oriental.]
u Arte
moderna.
1.
V. modernismo (4 e 6).
u Arte
naval. Mar.
1.
Estudo do navio, sua estrutura, equipamento, conservação, e das manobras que
com ele se fazem e fainas que nele se realizam. [Cf. marinharia (2).]
u Arte
plumária.
1.
A arte indígena de trabalhar plumas coloridas: & [Tb. se diz apenas plumária.]
u Arte
publicitária. Prop.
1.
V. arte de propaganda.
u Arte
rupestre.
1.
Os desenhos, pinturas, etc., feitos nas cavernas pelos homens pré-históricos;
inscrição rupestre.
u Artes
aplicadas.
1.
As que se ocupam das qualidades de beleza, elegância, etc., de qualquer objeto
de produção artesanal ou industrial.
u Artes de
reprodução.
1.
O conjunto das artes gráficas que se realizam em duas fases distintas: a da
criação de uma fôrma e a da multiplicação, por impressão, do trabalho nela
executado, assim compreendidas a gravura, a tipografia e a fotogravura (1).
u Artes do
espetáculo.
1.
Designação comum às artes que envolvem o espetáculo, e das quais o teatro e o
cinema são as principais.
u Artes
gráficas.
1.
Conjunto de processos e atividades us. para obter a reprodução, em qualquer
número de cópias, de imagens e de escritos, mediante fôrma, chapa gravada ou
matriz.
2.
Restr. Conjunto das atividades que
compõem o processo industrial de produção gráfica.
u Artes
liberais.
1.
Na Idade Média, designação comum às matérias de instrução e ensino ministradas
sob a égide da teologia e que se dividiam em trívio (2) e quadrívio (2).
u Artes
mecânicas.
1.
As que se baseiam no trabalho manual, especialmente com a utilização de
ferramentas ou máquinas.
u Artes
menores.
1.
Ramo da arte (3) que se ocupa da feitura de objetos em que o fator estético se
alia à utilidade prática: 2 [Cf.
artes-menores, pl. de arte-menor.]
u Artes
plásticas.
1.
As que se manifestam por meio de elementos visuais e táteis, como linhas,
cores, volumes, etc., reproduzindo formas da natureza ou realizando formas
imaginárias; belas-artes; arte. [Compreendem o desenho, a pintura, a gravura, a
colagem, a escultura, etc.]
u A sétima
arte.
1.
O cinema: &
u Fazer arte
de.
1.
Agir de modo provocante, com determinado intuito: 2
u Por artes de
berliques e berloques.
1.
Por artes mágicas; inexplicavelmente; milagrosamente.
u Por artes do
diabo.
1.
Por desgraça, por infelicidade.
arte2
S. f.
1.
V. arte-final.
2.
Prop. Setor de uma agência de propaganda, ou de um anunciante direto,
responsável pela execução de rafes (v. rafe1), leiautes, ilustrações,
artes-finais, etc.
No Houaiss:
substantivo feminino
1 Rubrica: filosofia.
segundo tradição que remonta ao platonismo, habilidade ou
disposição dirigida para a execução de uma finalidade prática ou teórica,
realizada de forma consciente, controlada e racional
2 Rubrica: filosofia.
segundo tradição que remonta ao aristotelismo, conjunto de
meios e procedimentos através dos quais é possível a obtenção de finalidades
práticas ou a produção de objetos; técnica
Obs.:
p. opos. a ciência ('conhecimento não aplicado')
3 Derivação: por extensão de
sentido (da acp. 1).
o uso dessa habilidade nos diversos campos do pensamento e do
conhecimento humano
4 Derivação: por extensão de
sentido (das acp. 1 e 2).
o uso dessas habilidades nos diversos campos da experiência e da
prática humana
5 Derivação: por extensão de
sentido (das acp. 1 e 2).
acervo de normas e conhecimentos indispensáveis ao exercício
correto de uma atividade
Ex.: a aprendizagem e ensino de uma a.
6 Derivação: por metonímia.
tratado que encerra tais normas, procedimentos
Obs.:
inicial maiúsc.
7 Derivação: por extensão de
sentido (das acp. 1 e 2).
perfeição, esmero técnico na elaboração (p.opos. à espontaneidade
natural); requinte
Ex.: um jardim sem a.
8 o conjunto dos princípios e técnicas
característicos de um ofício ou profissão
9 Derivação: por metonímia.
o próprio ofício, esp. quando se trata de trabalho manual
Ex.: a a. da marcenaria
10 capacidade especial; aptidão, jeito, dom
Ex.: dominava a a. de aquietar as crianças
11 qualidade de experto; perícia, habilidade
Ex.: um advogado de uma a. inigualável
12 Diacronismo: antigo.
forma de agir; maneira, jeito
Ex.: de tal a. insistiu, que ela cedeu
13 Diacronismo: antigo.
caráter, índole, propensão
Ex.: não era coisa de sua a.
14 (sXIII)
habilidade para fascinar, seduzir ou enganar; ardil, artimanha,
astúcia
Ex.: usava todas as a. para conquistar o público
15 Rubrica: estética.
produção consciente de obras, formas ou objetos voltada para a
concretização de um ideal de beleza e harmonia ou para a expressão da
subjetividade humana
15.1 as artes plásticas
Ex.:
16 Derivação: por extensão de
sentido (da acp. 15).
o talento, a contribuição própria da inteligência e da
sensibilidade de um artista
17 Derivação: por extensão de
sentido (da acp. 15).
a tendência geral e/ou a totalidade das manifestações artísticas
em determinada época, fase, lugar etc.
18 obra humana, de funções práticas ou mágicas,
e posteriormente considerada bela, sugestiva
Ex.: a a. dos menires
19 Regionalismo: Brasil. Uso:
informal.
travessura, traquinagem (tb. us. no pl.; sentido prov. conexo com
a acp. 14 anterior)
Ex.: esse menino só vive fazendo a.
20 Rubrica: artesanato.
manufatura ou indústria que ainda mantém tradições artesanais
21 Rubrica: artes gráficas.
qualquer original, em fase de leiaute ou de arte-final, a ser
impresso
22 Rubrica: jornalismo.
editoria incumbida de preparar desenhos, selecionar e cortar
fotos, cooperar com os diagramadores
23 Rubrica: pesca.
armação ou aparelho utilizado em pescaria (mais us. no pl.)
24 Rubrica: publicidade.
conjunto das atividades relativas à apresentação gráfico-visual de
anúncios, cartazes, logotipos etc.
25 Rubrica: publicidade.
setor ou grupo de profissionais em agência de publicidade
responsáveis pela execução de rafes, leiautes, ilustrações, artes-finais etc.
para a produção de anúncios, encartes, cartazes, letreiros, painéis etc.
O
que é Arte:
A arte é uma das melhores maneiras do ser humano
expressar seus sentimentos e emoções. Ela pode estar representada de diversas
maneiras, através da pintura plástica, escultura, cinema, teatro, dança,
música, arquitetura, dentre outros. A arte é o reflexo da cultura e da
história, considerando os valores estéticos da beleza, do equilíbrio e da
harmonia.
Desde a pré-história, na pintura rupestre,
verificamos a necessidade do homem em representar a realidade sob a sua
perspectiva e percepção. A arte evolui com o tempo e em cada época, de acordo
com o contexto histórico, observa-se uma tendência a certo estilo.
A arte pode ser também definida como algo inerente
ao ser humano, feito por artistas a partir de um senso estético, com o objetivo
de despertar e estimular o interesse da consciência de um ou mais espectadores,
além de causar algum efeito. Cada expressão artística possui significado único
e diferente.
Está interligada à estética pelo fato de ser
potencial do homem de imprimir beleza ou se esforçar para materializar (ou
imaterializar) algo que o inspira.
O que é
História da Arte?
A história da arte é um área do conhecimento que
analisa os estilos artísticos, suas modificações, obras de arte, artistas e o
valor estético das obras produzidas. Esse estudo é realizado de acordo com o
cenário social/político/religioso que a sociedade viveu ou vive em determinado
período. Outras ciências auxiliam nessas análises tais como a arqueologia,
história, paleografia, filosofia, sociologia, etc.
É uma disciplina que está no plano de aula de
alguns cursos
superiores e também como curso de graduação para aqueles que desejam se
formar na área e exercer profissão de curador, crítico de arte (realiza uma
análise sobre as obras, artistas ou expositores) ou gestor de museus, galerias,
centros culturais e escolas de arte.
Tipos de
Artes
De acordo com o segmento, a arte pode ser
classificada de várias maneiras: artes plásticas, artes cênicas, artes
visuais, etc. Além disso, existem graduações específicas para que uma
pessoa se especialize na área de sua escolha. Veja a definição de algumas:
Artes Plásticas:está relacionada a escultura, arquitetura, artes gráficas e o
artesanato.
Artes Visuais: é a classificação dada para todos os tipos de arte que retratam a
realidade ou a imaginação e que tem a visão como um dos principais recursos
para estudo. Envolve áreas como a pintura, cinema, decoração, jogos, etc.
Artes Cênicas: é o estudo de todas as formas de expressão realizadas através da dança,
do teatro ou da música.
Segundo autores como Hegel e Ricciotto Canudo (que
considerou o cinema como 7ª arte através do Manifesto das Sete Artes e Estética
da Sétima Arte, em 1912), teóricos e críticos de arte, há uma lista numerada do
que pode ser considerado arte nos dias atuais, principalmente com o advento da
tecnologia:
- Música: é um tipo de arte que se baseia em sons e ritmos de acordo com determinado período de tempo;
- Dança/Coreografia: a dança está classificada dentro das artes cênicas, e é uma forma de movimento que se realiza com o corpo baseado ou não em uma coreografia (arte de criar roteiros/trilhas de movimentos para realizar uma dança);
- Pintura: está relacionada a cor e suas variações, bem como a forma com que o artísta a utiliza em uma superfície;
- Escultura: é uma forma de arte em que há a criação de imagens plásticas em relevo utilizando vários tipos de materiais (bronze, mármore, argila, madeira, etc.);
- Teatro: é um tipo de arte em que um ou mais atores encenam uma determinada história ou situação em local específico (anfiteatros, praças, ruas, etc.);
- Literatura: é uma arte que utiliza a palavra para criação de histórias ou poesias de acordo com técnicas específicas;
- Cinema: é uma arte e técnica criada para a reprodução de imagens com movimento em uma tela;
- Fotografia: se baseia em imagens e técnicas para capturar paisagens e seus diversos momentos;
- Histórias em Quadrinhos: forma de arte que utiliza a cor, a palavra e imagem para narrar uma história;
- Jogos de Computador e de Vídeo: constitui na criação de jogos que podem ser reproduzidos por meio de uma aparelho eletrônico com imagens, cores e sons que fazem com que o jogador interaja com ele;
- Arte digital: é a arte produzida por meio de programas de computador relacionados às artes gráficas, que possibilitam criações em 3D e 2D.
No Wikipedia:
Arte
Arte (do latim ars,
significando técnica e/ou habilidade) pode ser entendida como a
atividade humana ligada às manifestações de ordem estética
ou comunicativa, realizada por meio de uma grande variedade de linguagens[1], tais como:
arquitetura,
desenho, escultura, pintura, escrita, música, dança, teatro e cinema, em suas
variadas combinações.[2] O processo
criativo se dá a partir da percepção
com o intuito de expressar emoções
e ideias,
objetivando um significado único e diferente para cada obra.[3]
Definição
O
principal problema na definição do que é arte é o fato de que esta definição
varia com o tempo e de acordo com as várias culturas humanas. Devemos, pois,
ter em mente que a própria definição de arte é uma construção cultural variável
e sem significado constante. Muito do que hoje uma cultura ou grupo chama de
arte não era ou não é considerado como tal por culturas ou grupos diferentes
daqueles onde foi produzida, e até numa mesma época e numa mesma cultura pode
haver múltiplas acepções do que é arte. As sociedades pré-industriais em geral
não possuem ou possuíam sequer um termo para designar arte.[4]
Numa visão muito simplificada, arte está ligada principalmente a um ou mais dos
seguintes aspectos:[4]
- a manifestação de alguma habilidade especial,
- a criação artificial de algo pelo ser humano;
- o desencadeamento de algum tipo de resposta no ser humano, como o senso de prazer ou beleza;
- a apresentação de algum tipo de ordem, padrão ou harmonia;
- a transmissão de um senso de novidade e ineditismo;
- a expressão da realidade interior do criador;
- a comunicação de algo sob a forma de uma linguagem especial;
- a noção de valor e importância;
- a excitação da imaginação e a fantasia;
- a indução ou comunicação de uma experiência-pico;
- coisas que possuam reconhecidamente um sentido;
- coisas que deem uma resposta a um dado problema.
Ao
mesmo tempo, mesmo que uma dada atividade seja considerada arte de modo geral,
há muita inconsistência e subjetividade na aplicação do termo. Por exemplo, é
hábito entre os ocidentais chamar de arte o canto operístico, mas cantar
despreocupadamente enquanto trabalhamos muitas vezes não é tido como arte. Pode
haver, assim, uma série de outros parâmetros que as culturas empregam para separar
o que consideram arte do que não consideram.[4]
Mesmo
que se possa, em tese, estabelecer parâmetros gerais válidos consensualmente, a
análise de cada caso pode ser extraordinariamente complexa e inconsistente. Num
contexto geográfico, se a cultura ocidental chama de arte a ópera,
possivelmente uma cultura não ocidental poderia considerar aquele tipo de canto
muito estranho. Na perspectiva histórica, muitas vezes um objeto considerado
artístico em uma determinada época pode ser considerado não-artístico em outra.[4]
História do conceito
No
ocidente, um conceito geral de arte, ou seja, aquilo que teriam em comum coisas
tão distintas como, por exemplo, um madrigal renascentista,
uma catedral
gótica, a poesia de Homero, os autos de mistério
medievais, um retábulo barroco, só começou a se formar em meados do século XVIII,
embora a palavra já estivesse em uso há séculos para designar qualquer
habilidade especial.[5]
Na
Antiguidade clássica, uma das principais bases
da civilização ocidental e a primeira cultura que refletiu sobre o tema,
considerava-se arte qualquer atividade que envolvesse uma habilidade especial:
habilidade para construir um barco, para comandar um exército, para convencer o
público em um discurso, em suma, qualquer atividade que se baseasse em regras
definidas e que fosse sujeita a um aprendizado e desenvolvimento técnico. Em
contraste, a poesia, por exemplo, não era tida como arte, pois era considerada
fruto de uma inspiração.[6] Platão
definiu arte como uma capacidade de fazer coisas de modo inteligente através de
um aprendizado, sendo um reflexo da capacidade criadora do ser humano;[7]
Aristóteles
a definiu como uma disposição de produzir coisas de forma racional, e Quintiliano
a entendia como aquilo que era baseado em um método e em uma ordem.[8]
Já Cassiodoro
destacou seu aspecto produtivo e ordenado, assinalando três funções para ela:
ensinar, comover e agradar ou dar prazer.[9]
O Juízo Final, de Michelangelo:
a arte veiculando todo um universo simbólico, tendo um propósito educativo
Essa
visão atravessou a Idade Média, mas no Renascimento
iniciou uma mudança, separando-se os ofícios produtivos e as ciências das artes
propriamente ditas, incluindo-se pela primeira vez a poesia no domínio
artístico. A mudança foi influenciada pela tradução para o italiano da Poética
de Aristóteles e pela progressiva ascensão social do artista, que buscava um
afastamento dos artesãos e artífices e uma aproximação dos intelectuais,
cientistas e filósofos. O objeto artístico passou a ser considerado tanto fonte
de prazer como meio de assinalar distinções sociais de poder, riqueza e
prestígio, incrementando-se o mecenato e o colecionismo.[10] Começaram
a aparecer também diversos tratados sobre as artes, como o De pictura, De statua e De re aedificatoria, de Leon Battista Alberti, e os Comentários
de Lorenzo Ghiberti. Ghiberti foi o primeiro a
periodizar a história da arte, distinguindo a arte
clássica, a arte medieval e a arte renascentista.[11]
O
Renascimento e o Maneirismo assinalam o início da arte moderna. O conceito
de beleza se
relativizou, privilegiando-se a visão pessoal e a imaginação do artista em
detrimento do conceito mais ou menos unificado e de índole científica do
Renascimento. Também se deu valor ao fantástico e ao grotesco. Para Giordano
Bruno, havia tantas artes quantos eram os artistas, introduzindo o conceito
de originalidade, pois para ele a
arte não tem normas, não se aprende e procede da inspiração.[12]
No
século XVIII começou a se consolidar a estética
como um elemento-chave para a definição de arte como hoje a entendemos - a
despeito da vagueza e inconsistências do conceito. Até então toda a arte do
ocidente estava indissociavelmente ligada a uma ou mais funções definidas, ou
seja, era uma atividade essencialmente utilitária: servia para a transmissão de
conhecimento, para a estruturação e decoração de rituais e festividades, para a
invocação ou mediação de poderes espirituais ou mágicos, para o embelezamento
de edifícios, locais e cidades, para a distinção social, para a recordação da
história e a preservação de tradições, para a educação moral, cívica, religiosa
e cultural, para a consagração e perpetuação de valores e ideologias
socialmente relevantes, e assim por diante.[13]
Esta
mudança de paradigma estava ligada a transformações culturais desencadeadas
pelo cientificismo
e pelo iluminismo.
Estas correntes de pensamento passaram a defender a tese de que a arte não era
uma ciência,
não podia descrever com exatidão a realidade, e por isso não poderia ser um
veículo adequado para o conhecimento verdadeiro. Não sendo uma ciência, a arte
passou para a esfera da emoção, da sensorialidade e do sentimento.
A própria origem da palavra estética deriva de um termo grego que significa sensação.
Em trabalhos de Jean-Baptiste Dubos, Friedrich von Schlegel, Arthur Schopenhauer, Théophile Gautier e outros nasceu o conceito de arte
pela arte, onde ela tinha um fim em si mesma, despojando-a de toda a sua
antiga funcionalidade e utilidade prática e associações com a moral. Ao mesmo
tempo em que isso abriu um novo e rico campo filosófico, gerou dificuldades
importantes: perdeu-se a capacidade de se entender a arte antiga em seu próprio
contexto, onde ela era toda funcional - um testemunho desta tendência é a
proliferação de museus
no século XIX, instituições onde todos os tipos de arte são apresentados fora
de seu contexto original -, e criaram-se conceitos inteiramente baseados na
subjetividade, tornando cada vez mais difícil encontrar-se pontos objetivos em
comum que pudessem ser aplicados a qualquer tipo de arte, tanto para defini-la
quanto para valorá-la ou interpretar seu significado. O esteticismo foi um dos
elementos teóricos básicos para a emergência do Romantismo,
que rejeitou o utilitarismo da arte e deu um valor principal à criatividade,
à intuição,
à liberdade e à visão individuais do artista, erigindo-o ao status de demiurgo e profeta e
fomentando com isso o culto do gênio.
Por outro lado, o esteticismo ofereceu uma alternativa para a descrição de
aspectos do mundo e da vida que não estão ao alcance da ciência e da razão.[14][15] Charles Baudelaire foi um dos primeiros a
analisar a relação da arte com o progresso e a era industrial, prefigurando a
noção de que não existe beleza absoluta, mas que é relativa e mutável de acordo
com os tempos e com as predisposições de cada indivíduo. Acreditava que a arte
tinha um componente eterno e imutável - sua alma - e um componente
circunstancial e transitório - seu corpo. Este dualismo nada mais do que
expressava a dualidade inerente ao homem em seu anelo pelo ideal e seu
enfrentamento da realidade concreta.[16]
Kazimir
Malevich: Quadrado negro sobre fundo branco, uma das obras
paradigmáticas da escola abstrata
Em
que pese a grande influência do esteticismo, cujo corolário apareceria no
início do século XX na forma do abstracionismo,
uma apoteose do individualismo artístico,[17] houve
correntes que o combateram. Hippolyte
Taine elaborou uma teoria de que a arte tem um fundamento sociológico,
aplicando-lhe um determinismo baseado na raça, no contexto social e na
época. Reivindicou para a estética um caráter científico, com pressupostos
racionais e empíricos. Jean Marie Guyau apresentou
uma perspectiva evolucionista, afirmando que a arte está na vida e
evolui com ela, e assim como a vida se organiza em sociedades, a arte deve ser
um reflexo da sociedade que a produz.[18] A
estética sociológica teve associações com os movimentos políticos de esquerda,
especialmente o socialismo utópico, defendendo para a arte o
retorno a uma função social, contribuindo para o desenvolvimento das sociedades
e da fraternidade humana, como se percebe nos trabalhos de Henri de Saint-Simon, Lev
Tolstoi e Pierre Joseph Proudhon, entre outros. John
Ruskin e William Morris denunciaram a banalização da arte
causada pelo esteticismo e pela sociedade industrial, e defenderam a volta ao
sistema corporativo e artesanal medieval.[19][20]
Na
mesma época a arte começou a ser estudada sob o ponto de vista psicológico
e semiótico através da contribuição de Sigmund
Freud. Ele declarou que a arte poderia ser uma forma de representação de desejos e de sublimação
de pulsões irracionais reprimidas. Disse que o artista era um narcisista,
e que as obras de arte podiam ser analisadas da mesma forma que os sonhos, os símbolos e
as doenças mentais. Continuou nessa linha seu discípulo Carl Jung,
que introduziu o conceito de arquétipo
na análise artística.[21] Outra
novidade foi introduzida por Wilhelm
Dilthey, considerando arte e vida serem uma unidade. Prefigurando a arte contemporânea, reconheceu a importância da
reação do público na definição do que é um objeto artístico, o que instaurava
uma espécie de anarquia do gosto, inaugurando a estética cultural. Reconheceu
também que a época assinalava uma mudança social e uma nova interpretação da
realidade. Ao artista caberia intensificar nossa visão de mundo em uma obra
coerente e significativa.[22]
Na
primeira metade do século XX conceitos inovadores foram introduzidos pela Escola de Frankfurt, destacando-se Walter
Benjamin e Theodor Adorno, estudando os efeitos da industrialização, da tecnologia
e da cultura de massa sobre a arte. Benjamin analisou a
perda da aura do
objeto artístico na sociedade contemporânea, e Adorno refletiu que a arte não é
um reflexo mecânico da sociedade que a produz, pois a arte expressa o que não
existe e indica a possibilidade de transformação e transcendência.
Representante do pragmatismo, John Dewey
definiu a arte como "a culminação da natureza", defendendo que a base
da estética é a experiência sensorial. A atividade artística seria uma
consequência da atividade natural do ser humano, cuja forma organizativa
depende dos condicionamentos ambientais em que se desenvolve. Assim, arte seria
o mesmo que "expressão", onde fins e meios se fundem em una
experiência agradável. Já Ortega
y Gasset apontou o caráter elitista e a desumanização da arte de vanguarda,
devido ao seu hermetismo, ao repúdio da imitação da natureza e à perda
da perspectiva histórica. Na escola semiótica,
Luigi
Pareyson elaborou uma estética hermenêutica,
onde arte é a interpretação da verdade. Para ele, a arte é "formativa", ou seja,
expressa uma forma de fazer que ao mesmo tempo inventa sua própria linguagem e
seus meios. Assim a arte não seria o resultado de um projeto predeterminado,
mas simplesmente encontraria o resultado no processo de fazer. Pareyson
influenciou a chamada Escola de Turim, que
desenvolveu o conceito ontológico de arte. Umberto
Eco, seu maior expoente, afirmou que a obra de arte só existe em sua
interpretação, na abertura de múltiplos significados que pode ter para o
espectador.[23]
A fonte, de Marcel
Duchamp, originalmente um urinol: um exemplo da transformação contemporânea
do conceito de arte
Chegando-se
aos meados do século XX, o assunto se tornou tão complexo, volátil e subjetivo
que muitos estudiosos abandonaram de todo a ideia de que a definição do que é
arte é de alguma forma possível. A título de exemplo, cite-se algumas opiniões:
Morris Weitz declarou que "o
próprio caráter aventuroso e expansivo da arte, suas constantes mutações e
novidades, torna ilógico que estabeleçamos qualquer conjunto de propriedades
definidas". Robert Rosenblum disse que
"hoje em dia a ideia de definirmos arte é tão remota que não acredito que
alguém teria coragem de fazê-lo", e Wladyslaw Tatarkiewicz
afirmou que "nosso século chegou à conclusão de que conseguirmos uma definição
abrangente do que é arte é não apenas algo dificílimo, como impossível".
Essas visões, porém, não impediram que outros críticos lançassem opiniões
diferentes, crendo ser possível uma definição. Alguns delas contornaram o
problema central da definição propriamente dita, e estabeleceram parâmetros
externos para definir o fato artístico, recorrendo à consagração institucional,
à autoridade, ou à resposta do público ou de pessoas consideradas peritas. Um
exemplo é a definição de George Dickie: "um objeto
artístico é em primeiro lugar um artefato, e em segundo, é um conjunto de
aspectos que legitimou sua proposta de merecer atenção especial de alguma
pessoa ou pessoas agindo em nome de alguma instituição social". Às vezes
se recorre à sua localização e ao contexto cultural, como na declaração de Thomas McEvilley, dizendo que
"é arte o que está num museu... Parece bem claro que hoje em dia mais ou
menos qualquer coisa pode ser chamada de arte. A questão é: ela foi chamada de
arte pelo 'sistema de arte'? Em nosso século, isso é tudo o que é preciso para
definir arte". Na mesma linha de ideias, Robert Hughes disse que algo é arte
"se foi criado com o fim expresso de ser considerado como tal e foi
colocado em um contexto em que é visto como tal".[24] Segundo a
definição da Encyclopædia Britannica, arte é aquilo
que é criado deliberadamente pelo homem como uma expressão de habilidade ou da
imaginação.[3]
Formas, gêneros, técnicas
Ver artigo principal: Estilo
(arte)
As
artes são muitas vezes divididas em categorias específicas, tais como artes
decorativas, artes plásticas ou visuais, artes do espectáculo,
ou literatura.
A pintura é
uma forma de arte plástica ou visual, e a poesia é uma forma
de literatura.[carece de
fontes]
Uma
forma de arte é uma forma específica de expressão artística, é um termo
mais específico do que arte em geral, mas menos específico do que gênero.
Alguns exemplos incluem Arquitetura, Arte
digital, Banda desenhada, Cinema, Dança, Desenho, Escultura, Graffiti, Fotografia,
Literatura
(Poesia e Prosa), Teatro, Música, Pintura, etc.[carece de
fontes]
As
técnicas para uma obra de arte ser construída são as mais diversas. Cada
técnica caracteriza-se pelo emprego do material físico e de como se maneja tal
material para atingir os resultados desejados. Assim, por exemplo, pedra e bronze são dois
materiais utilizados na técnica da escultura por subtração, a qual se
inclui na forma artística da escultura. A música e a poesia usam o som, a pintura usa as
técnicas do óleo, aquarela, guache, encáustica,
etc.[25]
Um
gênero artístico é o conjunto de convenções,
temáticas e estilos dentro de uma forma de arte e mídia. Por exemplo, o Cinema possui uma
gama de gêneros, como aventura, horror, comédia, romance, ficção científica, etc. Na música, há centenas de
gêneros musicais, que variam de região, cultura e
etc., e vão da música erudita clássica, música folclórica,rock, MPB, música
pop, muzak,
etc. Na pintura incluem paisagem, retrato, nu,
natureza
morta, paisagem,
cena histórica, etc.[26]
Periodização
Ver artigo principal: História da arte
Arte pré-histórica (c. 40000-3000 a.C.)
Ver artigo principal: Arte da Pré-História
Desenvolveu-se
entre o Paleolítico Superior e o Neolítico,
onde aparecem as primeiras manifestações que podem ser consideradas como arte.
No Paleolítico o homem, dedicado à caça e vivendo em
cavernas, praticou a chamada arte
rupestre. No Neolítico tornou-se sedentário e desenvolveu a agricultura,
com sociedades cada vez mais complexas, onde a religião
ganhou importância. São exemplos os monumentos megalíticos e um início de
produção artesanal na forma de vasos de cerâmica
e estatuetas.[27]
Pinturas rupestres na gruta de Lascaux
Monumento megalítico de Stonehenge
Gravuras rupestres em Bohuslän
Arte antiga (c. 3000-300 a.C.)
Ver artigos principais: Arte do Antigo Egito, Arte da Mesopotâmia e Arte ibera
No
Egito e na Mesopotâmia
viveram as primeiras civilizações altamente estruturadas, e seus
artistas/artesãos produziram obras complexas que já apresentam uma
especialização profissional. A arte egípcia se caracterizou pelo caráter
religioso e político, com destaque para a arquitetura, a pintura e a escultura.
A escultura e a pintura mostram a figura humana em um estilo fortemente
hierático e esquemático, devido à rigidez de seus cânones simbólicos e
religiosos. A arte mesopotâmica se desenvolveu na área entre os rios Tigre e Eufrates,
sendo testemunha de culturas diferentes, como os sumérios, acadianos, assírios e persas. Na arquitetura se incluem os zigurates,
grandes templos piramidais em degraus, enquanto que na escultura predomina
cenas religiosas, de caça e de guerra, com a presença de figuras humanas e
animais reais ou mitológicos.[28]
Templo egípcio em Filas
Relevo em ouro e esmaltes do tesouro
de Tutancâmon
Um shedu assírio
Dama
de Elche ibérica
Arte clássica (1000 a.C.-300 d.C.)
Ver artigo principal: Arte da Grécia Antiga, Arte da Roma Antiga, Arte
etrusca
A
arte da Grécia Antiga marcou a evolução da arte ocidental. Depois de um começo
em que salientaram as civilizações Minoica e Micênica, a arte grega se desenvolveu em três
períodos: arcaico, clássico e helenístico. Na arquitetura se destacaram os templos,
com suas três ordens: dórica, jônica e coríntia. Na escultura dominou a
representação do corpo humano, atingindo uma síntese entre naturalismo e
idealismo no período clássico, com destaque para a produção de Míron, Fídias, Policleto e Praxíteles.
Com claros precedentes na arte etrusca e na arte grega, a arte romana alcançou
quase todos os cantos da Europa, Norte de África e do Oriente Médio,
estabelecendo as bases da arte ocidental. Grandes engenheiros e construtores,
se destacaram na arquitetura civil desenvolvendo o arco e a cúpula, com a
construção de estradas, pontes, aquedutos e obras urbanas, bem como os templos,
palácios, teatros, anfiteatros, circos, banhos, arcos triunfais, etc. A
escultura, inspirada na grega, é também centrada na figura humana, mas de forma
mais realista. A pintura e o mosaico são conhecidos pelos vestígios encontrados em Pompeia e alguns
outros lugares.[29]
O templo grego do Partenon
O Doríforo
de Policleto
O Panteão
romano
Frontão de Talamon, etrusco
Arte medieval (c. 300-1350)
Ver artigo principal: Arte da Idade Média
A
arte medieval, sendo uma derivação direta da arte romana, inicia com a arte paleocristã, após a oficialização do cristianismo
como religião do Império Romano. Trabalharam as formas clássicas para
interpretar a nova doutrina religiosa. Porém, logo o estilo clássico se
pulverizou em uma multiplicidade de escolas regionais, com o aparecimento de
formas mais esquemáticas e simplificadas. Na arquitetura destacou-se como o
tipo basílica,
enquanto que na escultura os sarcófagos
assumiram papel destacado, bem como os mosaicos e as pinturas das catacumbas.
A etapa seguinte constituiu a chamada arte
bizantina, incorporando influências orientais e gregas, e tendo no ícone e
nos mosaicos seus gêneros principais. A arte
românica seguiu-lhe paralelamente, recebendo a influência de povos bárbaros
como os germânicos, celtas e godos. Foi o primeiro estilo de arte internacional depois da
queda do Império Romano. Eminentemente religiosa, a maioria da arte românica
visa a exaltação e difusão do cristianismo. A arquitetura enfatiza o uso de
abóbadas e arcos, começando a construção de grandes catedrais, que continuará
durante o gótico.
A escultura se desenvolveu principalmente no âmbito arquitetônico, com formas
esquematizadas. A arte gótica se desenvolveu entre os séculos XII e XVI,
sendo um momento de florescimento econômico e cultural. A arquitetura foi
profundamente alterada a partir da introdução do arco
ogival e do arcobotante, nascendo formas mais leves e mais dinâmicas,
que possibilitaram a construção de edifícios mais altos e com aberturas
maiores, tipificados na catedral gótica. A escultura continua principalmente
enquadrada na obra arquitetônica, mas começou a desenvolver-se de forma
autônoma, com formas mais realistas e elegantes inspirados pela natureza e, em
parte, numa recuperação de influências clássicas. Aparecem grandes retábulos
escultóricos e a pintura desenvolve técnicas inovadoras como o óleo e a
têmpera, criando-se obras de grande detalhamento.[30]
Imagem do Bom Pastor na catacumba de São Calisto
Mosaico bizantino na Basílica de São Vital de Ravena
Página do Livro
de Kells da arte hiberno-saxónica, no período românico
Fachada principal da Catedral de Amiens, gótica
Arte na Idade Moderna (c. 1350-1850)
Ver artigo principal: Modernismo
A
Idade Moderna inicia no Renascimento, período de grande esplendor cultural na
Europa. A religião deu lugar a uma concepção científica do homem e do universo,
no sistema do humanismo. As novas descobertas geográficas levaram a civilização
europeia a se expandir para todos os continentes, e através da invenção da imprensa a
cultura se universalizou. Sua arte foi inspirada basicamente na arte clássica
greco-romana e na observação científica da natureza. Entre seus expoentes estão
Filippo Brunelleschi, Leon Battista Alberti, Bramante, Donatello, Leonardo
da Vinci, Dante Alighieri, Petrarca, Rafael,
Dürer, Palestrina e Lassus.
Sua continuação produziu o Maneirismo, com a emergência de um maior individualismo e
um senso de drama e extravagância, proliferando em inúmeras escolas regionais.
Também foi importante nesta fase a disputa entre protestantes
e católicos
contra-reformistas, com repercussões na arte sacra. Shakespeare, Cervantes, Camões, Andrea
Palladio, Parmigianino, Monteverdi,
El Greco
e Michelangelo
são alguns de seus representantes mais notórios. No período barroco
fortaleceram-se os Estados nacionais, dando origem ao absolutismo.
Como reflexo disso a arte se torna suntuosa e grandiloquente, privilegiando os
contrastes acentuados, o senso de drama e o movimento. Firmam-se grandes
escolas em vários países, como na Itália, França, Espanha e Alemanha. São nomes
fundamentais do período Góngora, Vieira,
Molière,
Donne,
Bernini, Bach, Haendel, Lully, Pozzo,
Borromini,
Caravaggio,
Rubens, Poussin, Lorrain,
Rembrandt,
Ribera, Zurbarán, Velázquez,
entre uma multidão de outros.[31]
Sua
sequência foi o Rococó, surgido a partir de meados do século XVIII, com formas
mais leves e elegantes, privilegiando o decorativismo, a sofisticação
aristocrática e a sensibilidade individual. Ao mesmo tempo se firmava uma
corrente iluminista,
pregando o primado da razão e um retorno à natureza. Foram importantes, por
exemplo, Voltaire,
Jean-Jacques Rousseau, Carl Philipp Emanuel Bach, Jean-Antoine Houdon, Antoine
Watteau, Jean-Honoré Fragonard, Joshua
Reynolds e Thomas Gainsborough. No final do século emergem
duas correntes opostas: o Romantismo e o Neoclassicismo,
que dominarão até meados do século XIX, às vezes em sínteses ecléticas, como na
obra de Goethe.
O Romantismo enfatizava a experiência individual do artista, com obras
arrebatadas, visionárias e dramáticas, enquanto que o Neoclassicismo recuperava
o ideal equilibrado do classicismo e impunha uma função social moralizante e
política para a arte. Na primeira corrente podem ser destacados Victor
Hugo, Byron, Eugène Delacroix, Francisco
de Goya, Frédéric Chopin, Ludwig van Beethoven, William
Turner, Richard Wagner, William
Blake, Albert Bierstadt e Caspar David Friedrich, e, na segunda, Jacques-Louis David, Mozart, Haydn e Antonio
Canova.[32]
A Escola de Atenas, de Rafael,
renascentista
O Êxtase de Santa Teresa, de Bernini,
barroco
Basílica de Ottobeuren,
rococó
Abadia no Carvalhal, de Caspar
David Friedrich, romântico
Perseu, de Canova,
neoclássico
Arte contemporânea (c. 1850-atualidade)
Ver artigos principais: Arte
moderna e Arte contemporânea
Entre
meados do século XIX e o início do século XX se lançaram as bases da sociedade
contemporânea, marcada no terreno político pelo fim do absolutismo
e a instauração dos governos democráticos. No campo econômico, marcaram esta fase a Revolução Industrial e a consolidação do capitalismo,
que tiveram respostas nas doutrinas de esquerda como o marxismo, e
nas lutas de classes. Na arte o
que tipifica o período é a multiplicação de correntes grandemente
diferenciadas. Até o fim do século XIX surgiram, por exemplo, o realismo, o impressionismo,
o simbolismo
e o pós-impressionismo.[33]
O
século XX se caracterizou por uma forte ênfase no questionamento das antigas
bases da arte, propondo-se a criar um novo paradigma de cultura e sociedade e
derrubar tudo o que fosse tradição. Até meados do século as vanguardas foram
enfeixadas no rótulo de modernistas, e desde então elas se sucedem cada vez
com maior rapidez, chegando aos dias de hoje a um estado de total pulverização
dos estilos e estéticas, que convivem, dialogam, se influenciam e se enfrentam
mutuamente. Também surgiu uma tendência de solicitar a participação do público
no processo de criação, e incorporar ao domínio artístico uma variedade de
temas, estilos, práticas e tecnologias antes desconhecidas ou excluídas. Entre
as inúmeras tendências do século XX podemos citar: art
nouveau, fauvismo,
pontilhismo,
abstracionismo,
expressionismo,
realismo socialista, cubismo, futurismo, dadaísmo,
surrealismo,
funcionalismo,
construtivismo,
informalismo,
arte pop,
neorrealismo,
artes de ação (performance, happening, fluxus, instalação),
op art, videoarte, minimalismo,
arte
conceitual, fotorrealismo, land art, arte
povera, body
art, arte pós-moderna, transvanguarda,
neoexpressionismo, hiper-realismo.[34]
Paul
Cézanne: As grandes banhistas, c. 1906, modernista
Wassily
Kandinsky: Fuga, 1914, abstracionista
Dente e garfo, 1922, de Hans Arp,
modernista
Salvador Dali A (Dali Atomicus), fotografia
surrealista de Philippe Halsman, 1941
Dobraduras com disco vermelho, escultura
cinética de Alexander Calder, 1973
O túnel sob o Atlântico, instalação e
performance de Maurice Benayoun, 1995
Prédio do Museu
Guggenheim em Bilbao, projetado por Frank
Gehry
Guerrino Boatto: Motel office,
1985, hiper-realismo.
Historiografia da arte
Johann Joachim Winckelmann, considerado
o pai da História da arte
A
historiografia da arte é a ciência que analisa o estudo da história da arte desde um ponto de vista metodológico,
ou seja, a forma como o historiador realiza o estudo da arte, as ferramentas e
disciplinas que podem ser usadas para esse estudo. O mundo da arte sempre tem
levado em paralelo um componente de auto-reflexão, desde antigamente os
artistas, e outras pessoas a seu redor, tem escrito diversas reflexões sobre
sua atividade. Vitruvio escreveu o tratado sobre a arquitetura
mais antigo que se conserva, De
Architectura. Sua descrição das formas arquitetônicas da antiguidade
grecorromana influenciaram o Renascimento,
sendo por sua vez uma importante fonte documental para as informações sobre a pintura e escultura
grega e romana.[35] Giorgio
Vasari, em Le vite de'
più eccellenti pittori, scultori e architettori (1542-1550), foi um dos
predecessores da historiografia da arte, fazendo uma crônica dos principais
artistas de seu tempo, pondo especial ênfase na progressão e no desenvolvimento
da arte. No entanto, estes escritos, geralmente crônicas, inventários,
biografias ou outros escritos mais ou menos literários, careciam de perspectiva
histórica e o rigor científico necessários para serem considerados
historiografia da arte.[36]
Johann Joachim Winckelmann é considerado
o pai da história da arte, criando uma metodologia científica para a
classificação das artes e baseando a História da arte em uma teoria estética de
influência neoplatônica: a beleza é o resultado de uma
materialização da ideia. Grande admirador da cultura grega, postulou que na Grécia antiga
se deu a beleza perfeita, gerando um mito sobre a perfeição da beleza clássica
que ainda condiciona a perfeição da arte hoje em dia. Em Reflexão sobre a
imitação das obras de arte gregas (1755) afirmou que os gregos chegaram a
um estado de perfeição total na imitação da natureza, e assim nós agora só
podemos imitar os gregos. Assim mesmo, relacionou a arte com as etapas da vida
humana (infância, idade adulta, velhice), estabelecendo uma evolução da arte em
três estilos: arcaico, clássico e helenístico.[37]
Durante
o século XIX, a nova disciplina buscou uma formulação mais prática e rigorosa,
especialmente desde a aparição do positivismo.
No entanto, essa tarefa foi abordada por diversas metodologias que trouxeram
uma grande variedade de tendências historiográficas: o romantismo
impôs uma visão historicista e revivalista
do passado, resgatando e pondo em moda novamente estilos artísticos que haviam
sido desvalorizados pelo neoclassicismo winckelmanniano; assim o vemos na obra
de Ruskin,
Viollet-le-Duc,
Goethe, Schlegel, Wackenroder, entre
outros. Em vez disso, a obra de autores como Karl Friedrich von Rumohr, Jacob
Burckhardt e Hippolyte Taine, foram a primeira tentativa séria
de formular uma história da arte com base em critérios científicos, baseando-se
em análises críticas das fontes historiográficas. Por outro lado, Giovanni
Morelli introduziu o conceito de connoisseur, o especialista em
arte, que a analisa com base tanto em seus conhecimentos como em sua intuição.[38]
A
primeira escola historiográfica de grande relevância foi o formalismo,
que defendia o estudo da arte a partir do estilo, aplicando uma metodologia evolucionista
que defendia a arte uma autonomia longe de qualquer consideração filosófica,
rejeitando a estética romântica e o ideal hegeliano, e se
aproximando do neokantismo. Seu primeiro teórico foi Heinrich Wölfflin, considerado o pai da moderna
História da arte. Ele aplicou a arte critérios científicos, como o estudo
psicológico ou o método comparativo: definia os estilos por suas
diferenças estruturais inerentes aos mesmos, como argumentou em sua obra Conceitos
fundamentais da História da Arte (1915). Wölfflin não atribuiu importância
às biografias dos artistas, defendendo por outro lado a ideia de nacionalidade,
de escolas artísticas e estilos nacionais. As teorias de Wölfflin foram
continuadas pela chamada Escola de Viena, com autores como Alois
Riegl, Max Dvořák, Hans Sedlmayr e Otto Pächt.[39]
Já
no século XX, a historiografia da arte tem continuado dividida entre múltiplas
tendências, desde autores ainda enquadrados no formalismo (Roger Fry,
Henri Focillon), passando pelas
escolas sociológica (Friedrich Antal, Arnold
Hauser, Pierre Francastel, Giulio Carlo Argan) ou psicológica (Rudolf
Arnheim, Max Wertheimer, Wolfgang Köhler), até perspectivas individuais e
sintetizadores como as de Adolf Goldschmidt o Adolfo Venturi. Uma das escolas
mais reconhecidas tem sido a da iconologia,
que centra seus estudos na simbologia e no significado da obra artística. Através do
estudo de imagens, emblemas, alegorias e demais elementos de significado visual,
pretendem esclarecer a mensagem que o artista pretendeu transmitir em sua obra,
estudando a imagem desde postulados mitológicos, religiosos ou históricos, ou
de qualquer índole semântica presente em qualquer estilo artístico. Os
principais teóricos desse movimento foram Aby
Warburg, Erwin Panofsky, Ernst
Gombrich, Rudolf Wittkower y Fritz Saxl.[40]
Crítica de arte
Denis
Diderot, considerado o pai da crítica de arte moderna
A
crítica de arte é um gênero, entre literário e
acadêmico, que faz uma avaliação sobre as obras de arte, artistas ou
expositores, em princípio de forma pessoal e subjetiva, mas baseando-se na história da arte e suas múltiplas disciplinas,
avaliando-se a arte segundo seu contexto ou evolução. É avaliativa, informativa
e comparativa, apontando dados empíricos e testáveis. Denis
Diderot é considerado o primeiro crítico de arte moderno, por seus
comentários sobre as obras de arte expostas nos salões de Paris, realizados no
Museu
do Louvre desde 1725. Esses salões, abertos ao público, atuaram como centro
difusor de tendências artísticas, propiciando modas e gostos em relação a arte,
assim foram objeto de debate e crítica. Diderot escreveu suas impressões sobre
esses salões primeiro em uma carta escrita em 1759, que foi publicada na
correspondência literária de Frédéric-Melchior Grimm, e desde então até
1781, sendo o ponto de partida desse gênero.[41]
No
início da crítica de arte tem que se avaliar, por um lado, o acesso do público
a essas exposições artísticas, que junto com a proliferação dos meios de
comunicação em massa desde o século XVIII produziram uma via de comunicação
direta entre o crítico e o público a que se dirige. Por outro lado, o auge da burguesia
como classe social que inventou a arte como objeto de ostentação, e o
crescimento do mercado artístico que levou consigo, proporcionaram um ambiente
social necessário para a consolidação da crítica artística. A crítica de arte
tem estado geralmente vinculada ao periodismo, exercendo um trabalho de
porta-voz do gosto artístico que, por um lado, lhes tem conferido um grande
poder, ao ser capaz de afundar ou elevar a obra de um artista, mas por outro
lado lhes tem feito objeto de ferozes ataques e controversas. Outro ponto a
ressaltar é o caráter de atualidade da crítica da arte, já que se centra em um
contexto histórico e geográfico no qual o crítica realiza seu trabalho, imersa
em um fenômeno cada vez mais dinâmico como é o das correntes de moda. Assim, a
falta de historicidade para emitir um juízo sobre as bases consolidadas leva a
crítica de arte a estar frequentemente sustentada na intuição do crítico, como
um fator de risco que leva consigo. Por fim, como disciplina sujeita a seu
tempo e a evolução cultural da sociedade, a crítica de arte sempre revela um
componente do pensamento social no qual se vê imersa, existindo assim diversas
correntes de crítica de arte: romântica,
positivista,
fenomenológica,
semiológica,
etc.[42] Disse Charles Baudelaire: "Para ser justa, ou
melhor, para ter sua razão de ser, a crítica deve ser parcial, apaixonada,
política; isto é: deve adotar um ponto de vista exclusivo, mas um ponto de
vista exclusivo que abra ao máximo os horizontes." [43]
Entre
os críticos de arte tem havido desde famosos escritores até os próprios
historiadores de arte, que muitas vezes tem passado de análises metodológicas a
crítica pessoal e subjetiva, conscientes de que são uma arma de grande poder
hoje em dia. Podem ser citados Charles Baudelaire, John
Ruskin, Oscar Wilde, Émile
Zola, Joris-Karl Huysmans, Guillaume Apollinaire, Wilhelm
Worringer, Clement Greenberg e Michel Tapié.[44]
Sociologia da arte
A
sociologia da arte é uma disciplina das ciências sociais que estuda a arte desde uma
abordagem metodológica baseada na sociologia.
Seu objetivo é estudar a arte como produto da sociedade
humana, analisando os diversos componentes sociais que contribuem para a gênese
e difusão da obra artística. A sociologia da arte é uma ciência
multidisciplinar, recorrendo para suas análises a diversas disciplinas como a cultura, a política,
economia, antropologia,
linguística,
filosofia,
e demais ciências sociais que influenciam no desenvolvimento da sociedade.
Entre os diversos objetos de estudo da sociologia da arte se encontram vários
fatores que interveem desde um ponto de vista social na criação artística,
desde aspectos mais genéricos como a situação social do artista ou a estrutura
sociocultural do público, até mais específicos como o mecenato, o
mercantilismo e comercialização da arte, as galerias
de arte, a crítica de arte, colecionadores, museografia,
instituições e fundações artísticas, etc.[45] Também
cabe destaque no século XX a aparição de novos fatores como o avanço da difusão
dos meios de comunicação, a cultura
de massas, a categorização da moda, a incorporação de novas tecnologias
ou a abertura de conceitos na criação material da obra de arte (arte
conceitual, arte de ação).[carece de
fontes]
A
sociologia da arte deve seus primeiros passos a interesses de diversos historiadores pela
análise do ambiente social da arte desde metade o século XIX, especialmente
após a criação do positivismo como método de análise científica da cultura,
e a criação da sociologia como ciência autônoma por Auguste
Comte. No entanto, a sociologia da arte se desenvolveu como disciplina
própria durante o século XX, com sua própria metodologia e seus objetos de
estudo determinados. O ponto de partida dessa disciplina é geralmente situado
imediatamente após a Segunda Guerra Mundial, com a aparição de
diversas obras decisivas no desenvolvimento dessa corrente disciplinas: Arte
e revolução industrial, de Francis Klingder (1947); A
pintura florentina e seu ambiente social, de Friedrih Antal (1948); e História
social da literatura e a arte, de Arnold
Hauser (1951). No seu início, a sociologia da arte esteve estritamente
vinculada ao marxismo
- como os próprios Hauser e Antal, ou Nikos Hadjinikolaou, autor
de História da arte e luta de classes (1973) - embora, em seguida, se
distanciou dessa tendência para adquirir autonomia própria como ciência. Outros
autores destacados dessa disciplina são Pierre Francastel, Herbert
Read, Francis Haskell, Michael
Baxandall, Peter Burke e Giulio Carlo Argan.[46]
Psicologia da arte
Auto-retrato com a orelha cortada (1889), de Vincent
van Gogh. A Psicanálise permite comprender certos aspectos da
personalidade do artista.
A
psicologia da arte é a
ciência que estuda os fenômenos da criação e apreciação artística desde uma
perspectiva psicológica. A arte é, como manifestação da atividade
humana, suscetível a ser analisada de forma psicológica, estudando os diversos
processos mentais e culturais que ocorrem durante a criação da arte, tanto em
sua criação como em sua recepção por parte do público. Por outro lado, como
fenômeno da conduta humana, pode servir como base de análise da consciência
humana, sendo a percepção estética um fator distintivo do ser humano como
espécie, que o diferencia dos animais. A psicologia da arte é uma ciência
interdisciplinar, que deve recorrer fortemente a outras disciplinas científicas
para poder efetuar sua análise, desde - logicamente - a história da arte, até a filosofia e
a estética,
passando pela sociologia, antropologia,
neurobiologia,
etc. Também está estritamente conectada com o resto dos ramos da psicologia,
desde a psicoanálise até a psicologia cognitiva, evolutiva ou social,
passando pela psicobiologia e os estudos de personalidade. Assim
mesmo, a nível fisiológico, a psicologia da arte estuda os processos
básicos da atividade humana - como a percepção,
a emoção
e a memória-, assim como as funções superiores do pensamento
e da linguagem.
Entre seus objetos de estudo se encontram tanto a percepção de cor (recepção retiniana e
processamento do córtex) e a análise da forma, como os estudos sobre
a criatividade, capacidades cognitivas (símbolos, ícones), e a
arte como terapia.
Para o desenvolvimento dessa disciplina foram essenciais as contribuições de Sigmund
Freud, Gustav fechner, a escola de Gestalt
(dentro da qual se destacam os trabalhos de Rudolf
Arnheim), Lev Vygotski, Howard
Gardner, etc.[47]
Uma
das principais correntes da psicologia da arte tem sido a Escola de Gestalt,
que afirma que estamos condicionados pela nossa cultura -em sentido
antropológico-, e que a cultura condiciona nossa percepção. Toma como ponto de
parte a obra de Karl Popper, que afirma que na apreciação estética há
um pouco de insegurança (gosto), que não tem base científica e não se pode
generalizar; levamos uma ideia preconcebida ("hipótese prévia"), que
faz com que encontremos no objeto o que buscamos. Segundo a Gestalt, a mente
configura, através de certas leis, os elementos que chegam a ela através dos
canais sensoriais (percepção) ou da memória (pensamento, inteligência e
resolução de problemas). Em nossa experiência do meio
ambiente, esta configuração tem um caráter primário sobre os elementos que
a compõem, e a soma desses últimos por si próprios não poderia nos levar,
portanto, a compreensão do funcionamento mental. Se fundamentam na noção de
estrutura, entendida como um todo significativo de relações entre estímulos e
respostas, e tentam entender os fenômenos em sua totalidade, sem esperar os
elementos do conjunto, que formam uma estrutura integrada fora da qual esses
elementos não teriam significado. Seus principais expoentes foram Rudolf
Arnheim, Max Wertheimer, Wolfgang Köhler, Kurt
Koffka y Kurt Lewin.[48]
Conservação e restauro
Ver artigo principal: Conservação e restauro
Juízo Final de Michelangelo
antes da restauração.
Juízo Final durante a
restauração.
Juízo Final depois da
restauração.
A
conservação e restauro de obras de arte é
uma atividade que tem por objeto a reparação ou atuação preventiva de qualquer
obra que, devido a sua antiguidade ou estado de conservação, seja necessária
uma intervenção para preservar sua integridade física, assim como seu valor
artístico, respeitando ao máximo a essência original da obra.[49]
Na opinião de Cesare Brandi, "a restauração deve se dirigir ao
restabelecimento da unidade potencial da obra de arte, sempre que isso seja
possível sem cometer uma falsificação artística ou uma falsificação histórica,
e sem apagar pegada alguma do transcurso da obra de arte através do tempo.[50]
Na
arquitetura,
a restauração é apenas do tipo funcional, para preservar a estrutura e unidade
do edifício, ou reparar rachaduras ou pequenos defeitos que podem surgir nos
materiais. Até o século XVIII, as restaurações arquitetônicas só preservavam as
obras de culto religioso, dado seu caráter litúrgico e simbólico,
reconstruindo outro tipo de edifício sem respeitar sequer o estilo original.
Por fim, desde o auge da arqueologia ao final do século XVIII, especialmente com
as escavações de Pompeia
e Herculano,
se tendeu a preservar a medida do possível qualquer estrutura do passado,
sempre e quando tivesse um valor artístico e cultural. Ainda assim, no século
XIX os ideais românticos levaram a buscar a pureza estilística do
edifício, e a moda do historicismo levou a planejamentos como os
de Viollet-le-Duc,
defensor da intervenção em monumentos com base em um certo ideal estilístico.
Na atualidade, se tende a preservar ao máximo a integridade dos edifícios
históricos.[carece de
fontes]
Na
área da pintura, se tem evoluído desde uma primeira
perspectiva de tentar recuperar a legibilidade da imagem, acrescentando se
fosse necessário partes perdidas da obra, a respeitar a integridade tanto
física como estética da obra de arte, fazendo as intervenções necessárias para
suas conservação sem que se produza uma transformação radical da obra. A
restauração pictórica adquiriu um crescente impulso a partir do século
XVII, devido ao mal estado de conservação de pinturas a fresco, técnica
bastante corrente na Idade Média e no Renascimento.
Do mesmo modo, o aumento do mercado de antiguidades proporcionou a restauração
de obras antigas caras a sua posterior comercialização. Por último, a escultura
tem sido uma evolução paralela: desde a reconstrução de obras antigas,
geralmente em relação a membros mutilados (como a reconstrução do Laocoonte
em 1523-1533 por parte de Giovanni Angelo
Montorsoli), até a atuação sobre a obra preservando sua estrutura original,
mantendo em caso necessário um certo grau de reversibilidade da ação praticada.[51]
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